Muhammad Yunus, especialista em economia popular, Prêmio Nobel e fundador do Grameen Bank, conta como conseguiu ajudar famílias a sair da miséria na Índia e quais riscos assumiu no processo
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Obrigado pela presença. Obrigado por me convidar. Nós queremos compartilhar sua história, suas ideias,
pela América Latina e pelo mundo. Por que você não nos conta como começou, quando era um professor de economia, de repente você falou:
"Posso fazer algo em relação à pobreza?" Bom, foi basicamente pelas frustrações. Você tem a esperança que as coisas melhorem, mas não melhoram.
Você tem a esperança que as coisas vão mudar, mas não mudam. Ficam piores.
Então, eu estava em uma situação em que havia fome ao meu redor e as pessoas estavam passando fome, não tinha comida para eles.
E aí você ensina teorias econômicas elegantes na sala de aula, falando sobre belas coisas que podem acontecer, mas fora da sala de aula é o pior tipo de coisa que está acontecendo.
Então você se sente vazio. Seus conhecimentos, suas ideias, não têm utilidade para essas pessoas à beira da morte.
Então, eu queria esquecer todas aquelas belas teorias e, como um ser humano, ver se eu poderia ajudar alguém na vila que ficava ao lado do campus da universidade.
E o que você fez? Então eu fui lá. Eu decidi dedicar um pouco de tempo, todos os dias, circulando por lá, para ver se eu poderia me fazer útil para uma pessoa,
mesmo que só por um dia. Então, minha ambição era muito pequena, nada demais. E eu fiz várias coisas e eu vi, no processo,
como as pessoas estavam sendo torturadas pelos agiotas. Então, eu queria saber mais sobre esses agiotas. Como eles fazem? Como eles controlam a vida das pessoas,
emprestando pequenas quantidades de dinheiro. Quando eu fiz a lista, havia 42 nomes. O valor total do empréstimo deles era de 27 dólares.
Eu não podia acreditar que as pessoas poderiam sofrer tanto por tão pouco dinheiro.
Então veio a ideia de que eu poderia resolver esse problema facilmente. Se eu desse os 27 dólares para essas 42 pessoas, eles poderiam devolver o dinheiro para os agiotas e ficariam livres.
E os agiotas não poderiam pressioná-los mais.
E eu estava muito feliz em poder fazer isso. Então eu fiz isso. As pessoas ficaram muito felizes. Eles não esperavam que algo assim acontecesse.
Então eu percebi que, se você consegue fazer tantas pessoas felizes com tão pouco dinheiro, por que não fazer mais disso? Então eu queria fazer isso mais vezes.
Foi isso que me levou ao banco e a fazer coisas que não podiam ser feitas. Os bancos não faziam. Não era o trabalho deles emprestar dinheiro aos pobres. E eu não desistia.
Eu disse: "É o trabalho do banco emprestar dinheiro." Eles precisam ser capazes de conseguir esse dinheiro com o banco. No fim, após vários meses tentando,
finalmente eu tive a ideia de me oferecer como avalista. "Eu vou assinar a papelada. Vocês me dizem as regras e as pessoas conseguem o dinheiro."
E, finalmente, eles aceitaram isso. E foi assim que nós começamos. E eu estava assinando papéis, assumindo os riscos que os bancos não queriam assumir,
eu pegava o dinheiro do banco e dava para as pessoas. Para os pobres? Para as pessoas pobres da vila.
O que é pobre? Como você define?
Pobre é alguém que não tem os elementos básicos para viver. Por exemplo, quando dizemos que uma pessoa é pobre, nós temos uma espécie de lista de verificação.
Se a família tem alguma mobília dentro da casa, então essa não é uma pessoa pobre. Qualquer móvel, por menor que seja. Então, uma pessoa pobre é alguém que vive numa casa que não tem móveis
e que tenha apenas um cômodo. Goteira no teto, sem água,
e quando chove, tudo vira lama. E você vive ali, cria seus filhos, tem uma ou duas peças de roupa.
E você tem uma ou duas panelas para cozinhar, seja o que for.
Então, isso é uma descrição básica de uma pessoa pobre. Se você está além disso, nós dizemos: "Você pode esperar enquanto nos focamos nas pessoas mais pobres. Vamos fazer isso."
Você foca nas mulheres, por quê? Sim. Porque eu estava reclamando contra os bancos convencionais. Eles rejeitam mulheres.
Eu estava chamando atenção que 99% dos tomadores de empréstimos nos bancos convencionais em Bangladesh são homens.
O que acontece com as mulheres? Por que não emprestar para as mulheres? O sistema deles é direcionado aos homens, e as mulheres são rejeitadas. Então, quando eu comecei, eu queria ter certeza
que metade dos tomadores de empréstimo do meu programa fossem mulheres. Então fomos às mulheres. As mulheres diziam: "Não, não me dê, dê ao meu marido, eu não sei de nada."
Então nós fomos e tivemos que dar confiança à elas, para que elas pudessem dizer: "Eu posso lidar com dinheiro." Porque, no começo, elas ficavam muito nervosas,
porque nunca tinham feito isso antes, então estavam muito preocupadas.
Qual era a atitude dos maridos? Quando nós começamos a dar empréstimos às esposas, eles ficaram muito infelizes. Eles ficaram com muita raiva.
A primeira reação foi: "Você está tentando me insultar ao dar dinheiro nas mãos da minha mulher ao invés de dar a mim.
Então isso é um insulto para mim. Você está desafiando meu status na família." Nenhum marido gostou da ideia de que o banco deveria dar dinheiro a esposa.
Então, eles tinham uma atitude muito negativa a nosso respeito. Eles eram bastante hostis em relação ao nosso trabalho. Então tivemos que criar ideias de como nos tornar amigos deles,
como fazer com que eles recebessem a ideia da maneira mais fácil possível. De maneira que não criássemos tensão na família por causa do nosso trabalho. Não é somente a relação entre nós e o marido,
é também a relação entre o marido e a mulher. Se o marido se irrita com a mulher, isso cria vários problemas na família. Então nós queremos evitar problemas na família, não queremos destruir a relação.
Então, nós tentamos várias coisas para tentar fazer o marido ver que isso não é um insulto a ele, que é um benefício para toda a família, que não é contra ele, é para ele.
De forma que haja duas rendas na família ao invés de uma, e aí a esposa não reclama o tempo todo: "Você não está trazendo dinheiro para casa, como eu vou fazer isso?"
Agora a esposa entende o significado do dinheiro e como usá-lo.
Então você começou com uma ou duas mulheres aceitando o desafio, e aí? Nós estávamos esperando para ver se uma ou duas mulheres se juntariam ao banco para que eles se tornassem um exemplo, e outras mulheres da vizinhança
tivessem interesse. "Ei, como ela está fazendo isso?" "Eu posso fazer melhor que isso". Porque, no início, quando era abstrato, elas diziam: "Eu não consigo fazer isso,
todos dizem que eu não consigo." Quando alguém faz, elas dizem: "Eu posso fazer melhor que isso."
É disso que nós estamos falando. Pegue o dinheiro e faça melhor que isso. Então, o que elas fazem são coisas familiares,
coisas que elas não pensavam que geraria renda. E, gradualmente, uma pega o empréstimo, e daí aumenta, e cinco delas pegam, e dez delas se empolgam,
e você atinge dez delas, e 50 se empolgam. É assim que acontece. Qual é o valor médio dos empréstimos e qual o propósito?
Quando você se junta ao Grameen Bank pela primeira vez, o montante médio do empréstimo será em torno de 30 a 35 dólares. Elas usam esse dinheiro para comprar algumas galinhas,
criar galinhas, vender ovos.
Ou começar um negócio fazendo cestas, elas são acostumadas a fazer isso. Elas compram bambu e fazem esses cestos. Ou comprar roupas, costurar, fazer camisas, luvas, fazer
coisas que os vizinhos gostariam de comprar. Coisas que eles têm familiaridade. Algumas produzem alimentos para vender no mercado
porque elas são muito boas em preparar aquele alimento.
E é assim que tudo começa. Gradualmente elas querem expandir o negócio, o mesmo negócio, mas maior. Todas indo para práticas maiores como, ao invés de criar galinhas, por que não comprar uma vaca?
Criar a vaca, vender o leite e pagar o banco. Então, é daí que vem toda a diversidade.
Após alguns anos assim, você conseguiu fazer o sistema funcionar, metade homens, metade mulheres.
Você provavelmente conseguiu alguns inimigos no sistema financeiro, mas isso é história. E, como você organizou esses grupos?
Você tem escritórios? As pessoas vão ao escritório do seu banco? Como isso funciona?
Como eu já disse, desde o início, a proposta do banco é: as pessoas não deveriam ir ao banco. Os bancos devem ir às pessoas.
Então, nós estamos sempre indo a eles e conversando com eles. Quando alguém quer pegar um empréstimo, se a pessoa vier ao nosso escritório; "Eu gostaria de pegar dinheiro emprestado."
Nós sempre dizemos: "Nos dê o seu nome e nos diga onde você vive. Nós iremos falar com você. Porque nós não queremos falar de negócios no nosso escritório."
Então, nós pegamos o endereço e aparecemos no dia seguinte... Qual é o sistema? Quais são as regras? As regras são que você tem que ter quatro amigos com você,
fazer um grupo de cinco pessoas. Então, tudo que fazemos no Grameen Bank é em termos de cinco pessoas se unindo e formando um grupo.
E então, uma aglomeração de grupos é chamada de centro. São 10 ou 12 grupos, ou 50, 60 mulheres lá. Eles vão se reunir semanalmente, nas próprias casas...
O que acontece durante essas reuniões? ...e alguns funcionários do banco irão e farão as transações com elas, lá mesmo, onde elas vivem.
Então, elas não têm que ir a outro lugar, elas ficam onde estão. Alguém do banco tem que ir e fazer negócio com elas no lugar da reunião.
No momento e lugar específicos.
E nós fazemos isso todas as semanas. Essa reunião semanal. Todos os empréstimos são pagos em parcelas semanais.
Não importa o quanto você tenha pegado emprestado, você tem um período de tempo no qual você paga parcelas semanais, e aí você paga todo o seu empréstimo, incluindo os juros,
e, então, você está pronto para pegar outro empréstimo se quiser.
Então os funcionários do banco vão, há grupos de cinco, normalmente dez grupos em uma grande reunião, esse funcionário coleta os pagamentos semanais e por isso carrega
uma quantidade significativa de dinheiro para transportar. Você não tem problemas de segurança? No início, as pessoas diziam que isso criaria problemas de segurança
e eu disse: "Vamos ver, vamos descobrir. Ao invés de especular sobre isso." Então nós nunca tentamos ter guardas armados, ou coisas do tipo.
Nós dissemos: "Vamos esperar para ver se vai se tornar impossível carregar o dinheiro." Mas nós não tivemos nenhum problema. Por mais de 31 anos, nós carregamos essa grande quantidade de dinheiro
em espécie. Milhões de vezes. Mas raramente nós somos atacados. Poucos incidentes. Muito poucos comparados ao tempo que temos feito isso.
Mesmo que aconteça, se alguém apontar uma arma para você, uma faca, e pegasse o dinheiro e desaparecesse.
Você veio numa motocicleta, parou a pessoa, pegou o dinhieiro.
Um saco cheio de dinheiro. E você achou que tinha escapado. Mas o que é incrível sobre vilas é que quando uma coisa dessas acontece, você pergunta às pessoas:
"Você viu essas pessoas?" "É, eu os vi, esses dois jovens, eu os conheço." "Eles são filhos dessas pessoas." - Então você vai lá e encontra essas pessoas. Então você vai e encontra essas pessoas.
O pai ou o tio desses jovens. E eles se sentem muito envergonhados. Porque eles não querem ver seus filhos, seus sobrinhos envolvidos nisso.
Então eles vão pedir ao banco: "Por favor, não os leve à polícia, nós vamos compensá-los." E em pouco tempo eles são pegos. A própria família deles faz isso.
Os trazem de volta, devolvem o dinheiro e é resolvido dessa forma. Então, normalmente você não perde dinheiro. Mesmo se você for atacado. Só perdemos dinheiro em pouquíssimos casos na história do Grameen Bank.
Só em raros casos. Os ataques são raros porque as pessoas sabem que não chegarão longe com o dinheiro.
E você não assina contratos com os tomadores de empréstimo, você não os processa se eles não pagarem e mesmo assim você tem o melhor índice de inadimplência da indústria financeira.
1.2%, 1.3%.
Como você explica isso? Bem, as pessoas sentem que é importante pagar a dívida. Pela primeira vez, eles estão tendo a oportunidade
de receber serviços de um banco. Ter dinheiro para dar seguimento às atividades empresariais deles. Então, a primeira conversa com eles é para que não percam isso.
Se você não pagar, a porta se fecha. Você não poderá mais fazer empréstimos se não pagar. Então, a única maneira de manter as portas abertas é pagar
o dinheiro que você já pegou emprestado para que possa pegar mais. Então, isso os incentiva a manter as portas abertas. Um grande incentivo para eles pagarem.
No caso de você não pagar o empréstimo,
nós não processamos você, não o levamos aos tribunais porque nós supomos que essa é a forma que fazemos negócio, nós não queremos levar você para outra pessoa para termos o dinheiro de volta.
Nós não vamos levá-lo à polícia, nós não queremos levá-lo à justiça, tudo isso consome tempo e os procedimentos são caros. Quando você está dando empréstimos de 30 dólares,
não quer contratar um advogado para defender seu caso e gastar centenas ou milhares de dólares por esse caso. Então é melhor esquecer.
Então, se ela não pagar, o que você pode fazer? E também, nós sempre tomamos a decisão de nunca punir ninguém por nada. Então, não temos nenhum sistema de punição dentro do sistema.
Nenhuma penalidade, nenhuma punição, depende de você. Você pode se sentir livre.
Então, você quebrou todas as boas leis das transações bancárias típicas, e você tem resultados melhores do que os dos outros bancos. Em 30 anos,
quais são os grandes números em termos de empréstimos e pessoas afetadas? Neste momento nós temos 7,5 milhões de tomadores de empréstimo. Grameen Bank é como um clube.
Uma vez que você se junta a ele, você fica, você continua. Você continua subindo os degraus de renda. Então, não é um tipo de negócio de uma vez só.
Que você pega um empréstimo, paga, vai embora e nunca volta. Não é assim. É uma relação duradoura. Você tem uma conta poupança, então você quer ver essa poupança crescer.
Você tem um fundo de pensão, que é um compromisso de dez anos que você faz de que vai poupar nessa conta por dez anos. E o grande negócio é que, seja qual for o valor que você tenha poupado,
durante esses dez anos, o banco vai lhe dar o mesmo valor. Então, você vai receber o dobro do dinheiro que você poupou. Essa é a maneira de conseguir esse dinheiro.
Então há muitas características. Você está crescendo junto com seus amigos no grupo. Então, você não quer sair e fazer outra coisa que não é tão atrativa para você.
Então essa é a relação de longo prazo que você constrói. Grameen Bank é como uma família. É sua nova família, na qual o grupo é seu núcleo familiar,
o centro é nossa vizinhança e o Grameen Bank é nossa comunidade. Nós queremos crescer juntos. E mudar as coisas. Nós mandamos nossos filhos para a escola, o banco nos ajuda,
o banco dá empréstimos estudantis para nossos filhos, dessa forma eles podem virar médicos, engenheiros, profissionais.
E eles mesmos pegam emprestado, são pessoas mal tratadas. Nunca foram à escola, nem nenhum outro membro da família frequentou a escola, mas seus filhos irão.
E nós queremos garantir que 100% das crianças estão na escola. E têm uma boa educação. Nós damos bolsas de estudo, empréstimos estudantis
para criar uma nova geração fora das famílias que não tiveram educação. Dessa forma, quando essa geração tiver que enfrentar a vida, situação reais, eles nunca voltarão a ser pobres novamente.
Quantas pessoas você diria que saíram da pobreza através desse sistema? Nós monitoramos isso, é parte do nosso trabalho. Todos os anos nós pesquisamos quantas famílias saíram da pobreza.
Na última pesquisa, 64% das famílias que estiveram com o Grameen Bank por cinco anos ou mais saíram da pobreza.
E nosso objetivo é aumentar esse número ao longo do tempo para que um dia nós tenhamos 100% das famílias saindo da pobreza. Você, inclusive, fez uma experiência extraordinária com mendigos.
Você pode nos contar um pouco sobre isso? Sim, nós queríamos nos aproximar dos mendigos porque as pessoas dizem que você precisa de um empreendimento especial para ter sucesso com microcrédito.
E eu acredito que todos os seres humanos são empreendedores. Não é algo especial, com pessoas especiais.
Todo mundo tem, mas alguns descobrem e outros nunca descobrem. Então dê à eles a oportunidade de descobrir. Então nós queríamos demonstrar isso dando empréstimos a mendigos.
Se os mendigos pudessem encontrar os seus próprios talentos para serem criativos e homens de negócios, isso mostraria que até os mendigos têm uma criatividade empreendedora.
Então, eu comecei a falar com os mendigos e a ideia que nós promovemos é que, se você vai de casa em casa mendigando, você carregaria mercadoria com você?
Alguns biscoitos, alguns doces, alguns brinquedos para as crianças, para que as pessoas que você conhece na casa tenham opções. Se eles querem lhe dar comida ou comprar algo de você
e lhe dar uma renda. Ou fazer as duas coisas. Quem decide são eles, mas você dá as duas opções. E dessa forma você vai estar melhor do que ter apenas uma opção
de receber algo de graça. Alguns vão dar, outros não vão. E eles fizeram? Eles fizeram. Então isso prosseguiu.
Quantos mendigos você tinha? Se tornou um programa bastante popular. Agora nós temos mais de 100 mil mendigos no programa.
Muitos deles pararam totalmente de mendigar com o passar dos anos. Nós começamos há quatro anos e hoje mais de 11 mil deles pararam de mendigar. E o resto deles, eu diria, são mendigos só por parte do dia.
E no resto do dia eles são vendedores.
Você quebrou com a dimensão única do entendimento do ser humano de que todos os empreendimentos tem fins lucrativos. E você diz: "Não. É para fins lucrativos e fins não lucrativos.
É para o outro, para o benefício de outras pessoas."
É isso que você chama de empresa social. Quais são as características dessa empresa social? Você vê um futuro nisso?
A teoria econômica apresenta,
no modelo, que as pessoas são tidas como maximizadores perfeitos. Então, nos negócios, você é um maximizador perfeito. Eu disse: "Essa é uma dimensão da representação do ser humano.
Mas o verdadeiro ser humano é um ser multidimensional, não é uma máquina de fazer dinheiro." Então, eu disse: "Para justificar a multidimensionalidade do ser humano
você tem que criar, pelo menos, mais um tipo de negócio. Negócios que façam bem às pessoas, ao invés de gerar dinheiro para você mesmo.
E eu estou chamando isso de empresa social." É um negócio, gera lucro, mas o lucro não vem para mim, o lucro fica na empresa, para que ela possa ser expandida.
O lucro tem um objetivo social. Tudo que nós fazemos é para atingir um objetivo social. Talvez a redução da pobreza como objetivo social,
então nós temos um programa de microcrédito. Eu não conduzo um programa de microcrédito para gerar dinheiro para mim mesmo. Eu faço isso para ajudar as pessoas a saírem da pobreza.
Então, todos os benefícios são do banco, não meus.
No passar dos anos, quem mais contribuiu? Políticos, governo, instituições financeiras, ou nenhum deles?
Contribuiu em... No desenvolvimento do seu negócio, ajudando você a atingir esse estágio. Políticos, por exemplo.
Eles estavam à margem,
em mais de uma ocasião eles foram negativos ao invés de apoiadores. Nós tínhamos muitos esforços a fazer, quando precisávamos de mudanças na lei, quando precisávamos remover barreiras.
Você tem que implorar à eles por meses e anos para fazer isso. Então não é muito fácil.
Eles nunca apoiaram de verdade nossa atividade. De alguma forma, eles não veem como algo do gosto deles.
Então nós só pudemos confiar em nós mesmos. Nós somos organizações independentes. Nós não recorremos ao governo para conseguir dinheiro
porque nós criamos nossa própria fonte de dinheiro, nós não temos que ir às organizações internacionais para conseguir dinheiro, nós conseguimos o dinheiro através dos depósitos.
Então é auto-suficiente. Qual é o seu sonho para o ano de 2050? Você escreveu um livro sobre isso. Um ideia que eu venho promovendo
e que nós podemos criar um mundo livre de pobreza. Ninguém tem que ser pobre.
Porque todas as pessoas têm uma enorme capacidade, um enorme potencial, um potencial ilimitado Então, é uma questão de trazer esse potencial à tona.
Até o mendigo tem o potencial ilimitado. Simplesmente a sociedade nunca deu uma chance a ele. Se você puder criar...
oportunidade. Então as pessoas podem sair da pobreza. Então o objetivo é criar um mundo livre da pobreza. Ninguém vai continuar a ser uma pessoa pobre.
E eu disse: "Pobreza não é parte de uma sociedade humana civilizada.
Pobreza pertence à museus sobre pobreza. Nós queremos criar um mundo em que o único lugar onde se vê pobreza é no museu."