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Então, deixem-me cumprimentá-los enquanto começo a compartilhar com vocês alguns dos meus próprios pensamentos e lições ao explorar a prática da liderança nos últimos 35 anos.

A 1ª lição é que tipicamente temos uma confusão

em muitas sociedades pelo mundo entre liderança e autoridade.

Então, acho que é muito importante distinguir liderança de autoridade. E então primeiramente entender: o que autoridade em si significa?

Seres humanos foram feitos para criar relacionamentos de autoridade.

Nascemos no mundo feitos para confiar.

Uma criança nasce e simplesmente derrete no seu peito. Ela olha para sua mamãe e seu papai buscando orientação todo dia.

Então, os sistemas de autoridade em nossas vidas são absolutamente vitais.

E são feitos dessas 3 funções básicas:

uma pessoa entrega poder a uma outra pessoa em troca de serviço. Relacionamentos de autoridade são um contrato.

Um tipo de contrato para serviços. Esses serviços básicos de autoridade: orientação, proteção e ordem são vitais para saúde de qualquer comunidade.

E o conhecimento de como fornecer orientação adequada, o conhecimento de como proteger as pessoas do perigo,

e o conhecimento de como fornecer as formas adequadas de ordem; esse conhecimento é transmitido em nossa cultura.

E é transmitido de geração a geração.

Se vivêssemos em um ambiente estável, sem mudanças, não precisaríamos de liderança. Tudo o que seria necessário seria pessoas em posições de autoridade

fazendo o que sabem fazer.

O que acontece, no entanto, quando nos deparamos com novos tipos de problemas?

Problemas onde não dá para dar às pessoas as soluções pelas quais procuram?

Problemas onde tem que envolver as pessoas com a incerteza?

Tem-se que reconstruir o contrato social e preparar cidadãos e famílias, e funcionários para saberem que há problemas que enfrentamos para os quais não há autoridade que pode fornecer

respostas decisivas, claras e fáceis.

Porque os problemas em si não são mais apenas técnicos. Não são habituais. A fonte mais comum de fracasso que já vi em minha carreira

é que tratamos esses desafios de adaptação como se fossem problemas técnicos.

Em outras palavras, a fonte mais comum de fracasso é o diagnóstico. Obtemos o diagnóstico errado e portanto obtemos o tratamento errado.

Tratamos o problema como se fosse completamente sujeitável ao comando e às soluções de autoridades.

Quando ao invés disso exigirá um processo de engajamento e aprendizado social. Liderança, então, significa engajar as pessoas na realização do trabalho de adaptação

e mobilizá-las a construir suas próprias capacidades para resolverem os problemas dos quais fazem parte.

E isso envolve 3 tarefas essenciais:

o que na nossa cultura podemos preservar, proteger e honrar?

E manter?

O que na nossa cultura temos que descartar?

E em 3° lugar: quais inovações nos permitirão levar o melhor da nossa identidade, o melhor do nosso legado, das nossas tradições e da nossa história

para o futuro? Muitas pessoas na prática da liderança arranjam problemas porque assustam as pessoas. Porque só falam da mudança.

Ao invés de também falarem de tudo que será mantido firme e constante.

De fato, muitas vezes a razão pela qual vale a pena passar pela mudança, a razão pela qual vale a pena sofrer as perdas é para proteger e conservar aqueles outros valores

que são mais preciosos e essenciais para nós.

Defino liderança, então, em termos desse trabalho.

O trabalho de mobilizar as pessoas e construir suas capacidades

e inovações para florescerem em um mundo de mudanças.

O trabalho pode ser feito por pessoas com autoridade, mas também sabemos que há muitas pessoas exercendo liderança sem muita autoridade. Então, há liderança sendo praticada por pessoas

sem autoridade por todos os lugares. De fato, a saúde e adaptabilidade de um negócio depende de pessoas praticando liderança sem autoridade.

Precisamos de um modelo de liderança que é espalhada.

Não é só a pirâmide. Porque sabemos da natureza que o jeito que a natureza cria adaptações é criando adaptações regionais para ambientes regionais.

E em um negócio grande precisa-se de adaptações regionais porque cada mercado regional tem requisitos diferentes. Tendo estudado o tema da liderança agora por muitas décadas;

não há nenhuma característica única da liderança.

Contextos diferentes exigem tipos diferentes de habilidades.

E mais que isso, liderança não é só o instrumento, o poder ou a autoridade que alguém tem. É o que se faz, o tipo de trabalho que se faz

com esses instrumentos que faz disso liderança.

Eu vejo liderança então como uma atividade, uma prática. Então, liderança não significa nada a não ser que esteja de fato mobilizando a capacidade das pessoas para criar novas soluções para problemas.

Liderança é um empreendimento perigoso.

Porque quanto mais desesperadas as pessoas estiverem, quanto mais assustadas estiverem,

mais tendem a voltar a ter, ou a assumir, uma dependência infantil de autoridade. Mais esperam que alguém com autoridade fornecerá respostas.

Criam um mercado para impostores:

"Apenas votem em mim, eu sei o que fazer!" "Sou eu quem tem todas as respostas!"

E as pessoas são vulneráveis a isso. Assim, fornecer liderança real, então, pode ser perigoso.

Porque estará decepcionando as pessoas representando os fatos e as realidades com as quais elas têm que lutar.

Então, gostaria de compartilhar com vocês algumas ideias sobre como liderar e permanecer vivo.

A 1ª é que temos que ser capaz de subir na sacada.

Sair do campo de batalha.

Quando está preso no campo de batalha, só vê o que está no seu ambiente regional.

Mas tem que ser capaz de subir na sacada para se perguntar: “O que está acontecendo no campo de batalha maior? O que não estou vendo?”

Essa habilidade de fazer essa pergunta é realmente vital.

Porque muitas pessoas em liderança são neutralizadas pela surpresa. Não vêem o que está vindo. E não veem porque não vão à sacada para ver e prever os perigos.

Não conheço ninguém brilhante o suficiente para fazer isso sozinho. Tem que ter parceiros.

Precisa de pessoas com as quais converse todo dia.

Alguns desses parceiros serão parceiros profissionais. E alguns serão confidentes completamente fora da organização.

Pessoas que não participam da competição. Pessoas que podem apenas ouvi-lo e tentar ajudá-lo a obter perspectiva.

É tão fácil perder a perspectiva.

Uma das formas que seus parceiros podem te ajudar é distinguindo sua função de você mesmo.

Para que você não leve para o âmbito pessoal quando não é pessoal.

Distinguir a função de si mesmo é necessário por pelo menos 2 razões: primeiramente, quando não se leva para o âmbito pessoal, pode-se manter os olhos no problema.

Se alguém está aborrecido, sua função é descobrir porque está aborrecido.

Se estão expressando aborrecimento te atacando, isso é só o jeito como estão expressando aborrecimento. Você ainda tem que permanecer em um modo de diagnóstico.

A 2ª razão pela qual é tão importante distinguir sua função de você mesmo é lembrar que você é mais do que a função.

Porque virá um dia em que terá que mudar de função.

E se você ficar dedicado demais à função, e ela se torna toda a sua identidade

então perde a flexibilidade de mudar de função. Então, quando se leva para o âmbito pessoal, sua atenção é desviada do problema para você mesmo.

Em 4° lugar: precisa-se escutar. Para permanecer vivo, precisa-se escutar. Sem escutar cuidadosamente, não pode identificar:

quem são os participantes-chave? E não pode identificar quais são os ganhos, mas quais são também as perdas que está pedindo a eles que sofram.

Precisa-se escutar cuidadosamente porque para manter a confiança tem que ser capaz de falar sobre essas perdas com coração. Para que as pessoas sintam que você entende o que está pedindo delas.

Em 5° lugar, tem que administrar seus próprios apetites.

Todos temos uma necessidade normal de nos sentir importantes. Isso é bom. Queremos fazer diferença na vida dos outros.

Todos temos uma necessidade humana normal de poder e controle. Todos queremos sentir que podemos controlar nossa vida e nosso destino.

Todos temos uma fome humana normal de gratificação sexual. Todas essas necessidades humanas normais podem às vezes sair de nosso controle. Especialmente em momentos estressantes quando

se está em altas posições de autoridade.

Nos tornamos mais vulneráveis porque essas fomes humanas normais podem sair de controle e então podemos ser destrutivos; não só para nós mesmos, mas para as pessoas ao redor.

Não se pode praticar liderança sem ter âncoras que te segurarão firme e evitarão que seja arrastado pelas correntes.

Eis algumas âncoras potenciais:

acho que todos precisamos de parceiros e confidentes, pessoas em quem podemos confiar, que estão fora do sistema.

Em 2° lugar, acho que todos precisamos de santuários: lugares onde podemos ir para ouvir nosso pensamento e para nos distinguir de nossa função,

e para nos restaurarmos.

E em 3° lugar, acho que precisamos de práticas, práticas diárias. Pode ser uma caminhada, ou uma ida à academia. Pode ser meditação. Pode ser sentar com um amigo em uma cozinha.

Ou um café da manhã semanal com um amigo. Ou um tempo para ler um livro.

Mas precisamos de práticas regulares que nos ajudarão a nos ancorar dada a dificuldade e complexidade da política da vida organizacional quando organizações estão enfrentando muitas mudanças e pressões adaptativas.

E finalmente, acho que precisamos de propósitos além de medidas. Medidas são ferramentas profundamente poderosas, mas há muitas coisas que não podem ser medidas.

E acho que isso é importante para manter seu espírito e alma vivos na prática da liderança, especialmente em dias difíceis.

Acho que uma das formas de nos mantermos vivos é

celebrando os frutos do nosso trabalho. Até aqueles frutos que estão além de qualquer medida.

Minha oração para vocês é que celebrem a riqueza do bem que fazem

e ajudem uns aos outros a lembrarem do bem que estão fazendo. E que ao mesmo tempo queimem por dentro para fazer mais diferença para os seus colegas, para sua família e para o seu país.