O professor Marco Tulioini, da FGV e da FDC, juntou-se ao coronel Alberto Pinheiro Neto, um dos principais líderes do BOPE, e ao ex-subsecretário de Segurança Pública Márcio Colmerauer, para identificar os diferenciais da instituição
Hoje o Brasil inteiro e talvez uma parcela razoável do mundo já conheçam o BOPE, o famoso Batalhão de Operações Policiais Especiais do Estado do Rio de Janeiro. Muito antes (trata-se de uma instituição com 33 anos de existência) e muito além das telas de cinema, o BOPE virou lenda por seu histórico de desempenho excepcional em condições de absoluta incerteza e risco, tanto que as melhores equipes de operações especiais do mundo vêm ao Brasil estudá-lo, do mesmo modo que gestores brasileiros vão aos Estados Unidos fazer visitas de aprendizado no Google ou na Zappos.
Se qualquer força especial já mereceria atenção do universo empresarial por ter de combinar as virtudes da hierarquia convencional –organização, planejamento e foco– com as virtudes da coordenação informal –participação, liberdade de ação e flexibilidade–, o BOPE o merece em dobro, uma vez que, para conquistar esse equilíbrio, utiliza como premissa o engajamento incondicional baseado em princípios e valores compartilhados, somados, é claro, a treinamento intensivo –especialmente psicológico–, domínio da técnica e mecanismo de seleção rigoroso. Compreender o êxito do BOPE, portanto, pode servir de inspiração e aprendizado para empresas privadas e é por isso que o estudamos em profundidade nos últimos dez meses.
A competência distintiva nunca nasce ao acaso. Por trás da construção de um padrão de excelência de desempenho, onde quer que seja, sempre há o empenho daqueles que, ao longo do tempo, compreendem que são necessárias tenacidade, perseverança e uma ação orientada por valores.