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Obrigada, é tão empolgante estar aqui nessa conferência hoje. Obrigada HSM. E é ainda mais empolgante estar aqui em uma sala cheia de mulheres tão motivadas e inteligentes.

Tenho que dizer, com tudo que estou lendo e aprendendo, as mulheres no Brasil estão mudando tão rápido, vocês são uma força a se reconhecer. Então quero só

dar a vocês todas uma salva de palmas, porque estou tão impressionada com o que alcançaram aqui. A outra coisa a respeito das estatísticas é que todos sabemos das mulheres no Brasil.

E não são tão diferentes das estatísticas que temos nos EUA. Vocês estão paralisadas aqui, essencialmente. Os números das mulheres e liderança-sênior não são tão bons. E novamente,

é a mesma questão com a qual estamos lutando em casa, porque... A propósito, temos trabalhado nisso por bastante tempo e está ficando frustrante.

Há uma sensação que... E acho que aqui no Brasil vi um dado que 83% das mulheres na força de trabalho pensa que é mais fácil para os homens avançarem do que para as mulheres avançarem. E isso não é um número muito motivador.

Então, muito tem que mudar. Ouvimos a Joanna falando antes sobre o fato de que as corporações têm que mudar. E até certo ponto, talvez governos tenham que mudar.

Mas quero lhes dizer que vim a crer que outra coisa que podemos controlar, que é tão importante quanto para o nosso sucesso e especialmente para igualar o campo de jogo para as mulheres - não só no Brasil, mas

por todo o mundo - e isso é confiança. Passei muitos anos agora pesquisando confiança junto com minha co-autora, Katty Kay. E firmemente acreditamos que confiança

pode fazer a todas nós melhores funcionárias, líderes, e, de fato, seres humanos mais satisfeitos. Quero lhes contar uma pequena parábola que inventei;

uma parábola bíblica, se quiserem chamar assim, com um toque moderno para ajudar a explicar o que exatamente está acontecendo no ambiente de trabalho com as mulheres e confiança.

Porque está acontecendo aqui da mesma forma que está acontecendo nos EUA. Então, isso é baseado, perdoem-me, em uma velha piada feminista que escutei em uma palestra diferente há 2 anos sobre os 3 magos.

E essa piada era quase assim: e se os 3 magos tivessem sido 3 magas? Elas teriam chegado na hora, teriam trazido presentes úteis, esse tipo de coisa. Então, não sei se já ouviram essa piada.

Mas recriamos essa história. E se tivesse um anúncio de emprego para os 3 magos? E há 2 pessoas olhando para esse emprego, e a descrição do emprego é:

“Tem que ter ótimas habilidades de navegação, tem que ser bom com mães e novos bebês, tem que ser bom com astronomia e tem que ter uma noção aguçada

de diplomacia e protocolo do Oriente Médio.” E digamos que há 2 pessoas olhando esse emprego, uma delas é o Bob.

E ele pensa consigo: "Bem, habilidades de navegação... Tenho GPS, ficarei bem. Astronomia? Quão difícil pode ser olhar para as estrelas? Isso não será problema. Mães e novos bebês? Bem,

já troquei a fralda do meu sobrinho, acho que isso tudo bem. Ficarei bem. Protocolo do Oriente Médio? Bem, não sei muito sobre isso. Mas simplesmente trarei uma garrafa de whiskey para qualquer negociação

e tudo ficará bem." E então tem a Samanta, certo? Está olhando esse emprego e pensa consigo: "Bem, não sei, navegação? Quer dizer, já morei em Cairo, e em Tóquio

e descobri como me locomover nessas cidades. Mas não diria que sou tão boa em navegação. Mães e novos bebês? Sim, sou uma mãe. Definitivamente sou boa nisso.

Astronomia? Absolutamente não, não sei nada sobre isso. Protocolo do Oriente Médio? Bem, tenho aquele mestrado em estudos árabes da Georgetown University, mas não diria que isso faz de mim uma especialista.

Não vou me aplicar para esse emprego." E isso é literalmente o tipo de coisa que está acontecendo no ambiente de trabalho. E acho que ouviram a Joanna falando disso antes

até certo ponto. Estamos constantemente subestimando nossas habilidades. Estamos olhando para as nossas capacidades, para trabalhos que talvez façamos, e não se trata sempre de uma promoção, a propósito,

e estamos nos julgando como não estando prontas. E confiança não se trata só de sucesso no ambiente de trabalho. Isso é uma das coisas que realmente olhamos quando resolvemos escrever o livro:

“Estamos só escrevendo um livro sobre o ambiente de trabalho ou a confiança é algo mais útil?” E direi que tivemos a descrição mais convincente, pode-se dizer, sobre

os usos mais amplos da confiança de uma estudiosa budista que entrevistamos. O nome dela é Sharon Salzberg. E ela disse que pensa em confiança como um tipo de energia

e uma habilidade de ir em direção às coisas totalmente sem se refrear. E essa descrição realmente ficou comigo. Porque quando penso que para muitas mulheres, nós todas tendemos a

nos refrear, frequentemente temos medo de riscos, frequentemente temos medo de apostar. E acho que a ideia de uma energia agora, especialmente aqui no Brasil,

é provavelmente algo realmente útil para se focar. Porque lhes direi que tenho lido sobre o Brasil pelos últimos 6 ou 8 meses mais do que costumo,

porque é claro, sabia que estava vindo e estava empolgada com a viagem. E então, é claro, tenho lido as notícias. Tenho lido sobre seu escândalo de corrupção.

Sei como é isso, é claro, porque nós nos EUA temos nossa porção de escândalos e escândalos políticos. E então, eu sei bem como é viver sob a nuvem de um escândalo como esse quando não sabe quando

isso vai acabar, qual é a saída. E eu lhes direi que em um momento assim há tantas coisas que não pode controlar sobre o que está acontecendo. E ouvindo a Joanna antes, não acho que sou tão flexível

quanto ela, então não sei se posso fazer aquele espiral para baixo onde ela desce e sobe. Mas quanto mais foca no que não pode controlar, isso te arrasta para baixo.

E o que amo sobre confiança é que é algo que pode controlar individualmente. E acho que isso é muito importante e poderoso para todos pensarem agora.

Encontramos uma jovem... Porque por um tempo pensamos

que talvez a confiança fosse um problema para as mulheres na nossa geração, certo? Tenho 52 anos. E pensamos que talvez fosse a nossa geração e que talvez as mulheres em seus trinta e menos estariam bem.

Porque estão indo tão melhor e mais suavemente na força de trabalho. Bem, os dados mostram que as jovens estão lutando com a mesma questão. E falamos com uma jovem que é simplesmente realmente memorável.

Ela nos falou... Decidimos falar com alguém no setor militar, porque pensamos: “Uau, se passou por uma academia militar dos EUA, tem que ser bem confiante.” Essa mulher tinha acabado de se formar em Annapolis.

Tinha sido aceita em uma divisão incrivelmente competitiva, chamada a divisão de ordem explosiva. Bombas, todo tipo de trabalho perigoso. Muito difícil de entrar.

A primeira coisa que dissemos a ela foi: “Parabéns!”

Ela disse: “Não sei porque me escolheram para isso, acho que simplesmente tive sorte.” Dizíamos: “Do que está falando? Está no setor militar. Quer dizer, se há um lugar onde não é sorte...

Há um conjunto de critérios pelos quais tem que passar para ser escolhida, é aqui.” Mas ela não conseguia de jeito nenhum entender isso.

Christine Lagarde também foi como uma mentora para nós nesse livro. Tivemos uma sessão com ela bem no começo. Ela é a primeira chefe mulher do FMI, que simplesmente transpira confiança.

Até a forma como se parece e se comporta. Tenho certeza que já a viram. Ela é incrivelmente alta, provavelmente mais de 1,80 metros. Ela é muito estilosa, é francesa. É quase enfurecedor o quanto é estilosa.

Quando Katy e eu jantamos com ela, levamos duas coisas conosco. Ouvirão a segunda. A primeira foi que ela tinha esse lenço incrível amarrado da forma certa, como ela fez? É tão francês. Isso é tão frustrante.

Especialmente para as americanas, que não são tão estilosas quanto todas as outras.

Mas ela transpira confiança natural porque é muito aberta. Mas até a Christine Lagarde nos disse: "Sabe, uma área onde percebo que me falta confiança

é que gosto de me preparar demais. Se tenho algo importante chegando, me preparo de ponta cabeça, de trás para frente, de dentro para fora por dias e dias. Me preparo demasiadamente."

E então ela pausa e diz: "Isso é algo que discuti com Angela Merkel." E pensamos: “O quê?” Quer dizer, duas das mulheres mais poderosas do mundo

falando sobre sua necessidade mútua de se preparar demais? E nós ambas simplesmente tínhamos a impressão de que uma vez que chega a esse nível, talvez algumas dessas

inseguranças desaparecessem, mas aparentemente não. E isso foi importante para nós para começarmos a entender

como uma falta de confiança pode parecer. Porque acho que todas imaginamos: “Bem, talvez se me faltar confiança no trabalho aqui, não está falando em uma reunião, está sentada na sua mesa muito quieta.”

Sabem, há uma versão clichê de como se parece uma falta de confiança. Mas viemos a perceber que pode se parecer assim: perfeccionismo, trabalhar demais, e trabalhar demais, demais e demais. Mas talvez só não nas prioridades certas.

Então, armadas com essa definição, então decidimos estudar a ciência, certo? Estávamos realmente só nos perguntando naquele momento essencialmente: “Os homens têm um gene da confiança que as mulheres não têm?”

E o que está acontecendo? Há alguma razão biológica para isso.

E além disso, o campo da neurociência e genética está simplesmente explodindo. E então pensamos: “É melhor olharmos isso.” Tenho que lhes dizer, não achei que iríamos descobrir que a confiança é genética.

Acho que ambas acreditávamos que confiança é provavelmente algo que obtém dos seus pais e da sua infância. E então fica estabelecida.

Sabe, se for confiante quando tiver 14 anos ou não, é isso. Bem, falamos com pessoas estudando confiança em ratos, como mencionei. Pessoas estudando confiança em macacos, em humanos.

Falamos com um geneticista. E o resultado: confiança é parcialmente genética. E isso realmente nos surpreendeu. De fato, os especialistas concordam

que é entre 25 e 50% herdada como característica. Alguns especialistas, pessoas que têm feito estudos de longo prazo acham que é na verdade tão ligada à genética

quanto o QI, que fica bem ali em torno de 50%. Então, não há um gene da confiança que os homens têm que as mulheres não têm, a propósito.

Há alguns genes no momento que os pesquisadores sabem que lidam com confiança, mas lhes direi que em 2 anos provavelmente saberão em torno de até mais, porque novamente, a ciência é simplesmente explosiva agora.

Mas os genes que afetam a confiança são genes que afetam coisas no nosso cérebro como... Afetam os neurotransmissores no nosso cérebro, como serotonina, dopamina, oxitocina, coisas como essas.

E há certas variações que pode ter ou não ter. E essas te darão um nível mais natural de confiança.

Mas o que acontece é que as garotas estão aprendendo, quando chegam ao Ensino Médio, a serem perfeccionistas. E também estão aprendendo a não assumirem riscos. E não estão fracassando.

Garotos por outro lado aprendem em uma idade muito antes: "Tudo bem se eu tentar algo e fracassar. Se eu incomodar alguém, tudo bem. Eu faço isso, já fiz isso, e superei isso."

Estão aprendendo resiliência. Estão aprendendo a fracassarem e a assumirem riscos. E então isso, para nós, foi uma grande epifania, quando percebemos que

as jovens nos EUA, e pelo que posso dizer, pelo que li, e pelas entrevistas que fiz, é frequentemente o mesmo no Brasil: elas chegam ao ambiente de trabalho incrivelmente qualificadas academicamente,

mas não são qualificadas em termos da sua disposição para assumir riscos, ou fracassar. E isso é essencial. É essencial para o sucesso.

Então, o que podemos fazer? Porque sei que isso é, provavelmente, principalmente o que querem saber. E eis o que é tão empolgante:

acho que as coisas que todas podemos fazer para construir nossa confiança não são fáceis, mas são muito diretas. Número 1: temos que ficar mais confortáveis fora das nossas zonas de conforto.

Quer dizer, acho que ouviram isso dos outros palestrantes. Mas todas temos que buscar formas nas nossas vidas, e será diferente para cada uma e para cada ambiente profissional,

de assumir riscos e de fracassar.

Além disso, descobrimos que

estar realmente consciente do fato de que os homens e as mulheres interpretam retorno radicalmente diferente é importante. Porque, sabem, podemos tentar ser duronas o quanto quisermos,

mas simplesmente não tem jeito de... Quer dizer, tivemos um gerente em um banco de investimentos dizendo que podia dar essa avaliação 360 para um homem e uma mulher - a mesma:

o homem achará que está prestes a ser promovido e a mulher acha que estão dizendo que ela devia desistir.

Então, nós realmente interpretamos nosso retorno de uma forma muito diferente. E empresas que entendem isso e instilam pequenas práticas como sentar com o funcionário e dizer: "Tudo bem, o que escutou do que eu disse?"

"Qual acha que é o cabeçalho disso?" "Não, na verdade é isso." E realmente assegurar que sejam bem interpretados. E acho que, às vezes, simplesmente empurrar... Falo isso a mulheres

que perguntam: "Como posso ajudar minha amiga e minha colega?" Mais do que escutar, ouvir ou consolar, às vezes, dar um empurrão nas pessoas, dar na sua amiga, ou na sua colega, ou até em uma funcionária um empurrão

é a melhor coisa que poderia fazer. No Google, têm uma política muito interessante agora, onde tem que aplicar para sua própria promoção no Google, tem que se nomear, acho.

E o que descobriram, que não é surpresa, é que as mulheres não estavam se nomeando para promoções nem perto do mesmo ritmo no que os homens estavam. Então começaram algo que chamaram de 'o empurrãozinho'.

E é literalmente só um lembrete eletrônico, um e-mail dizendo: “É hora de aplicar para uma promoção.” E quando isso é enviado, as mulheres aplicam no mesmo ritmo que os homens.

E algumas vezes esqueceram de enviar, e os números caíram novamente. Então, simplesmente um pequeno empurrão sutil poderia, às vezes, fazer toda a diferença.