Nudging, ou arquitetura da escolha, é como chamamos vários métodos que visam influenciar as ações das pessoas, de maneira positiva e ética, por meio do conhecimento científico. Na definição de Pelle Hansen, “nudge” é “qualquer tentativa de influenciar o julgamento, a escolha ou o comportamento das pessoas de uma maneira previsível, que (1) é possibilitada em virtude de limites cognitivos, vieses, rotinas e hábitos na tomada de decisão individual ou social, que impõem barreiras para que as pessoas ajam racionalmente em seu próprio interesse; e que (2) funciona valendo-se desses limites, vieses, rotinas e hábitos”.O conceito e a expressão foram apresentados no livro Nudge: o empurrão para a escolha certa, dos economistas Richard Thaler e Cass Sunstein. Emoutro livro, Misbehaving: The Making of Behavioural Economics, Thaler afirma que a releitura de O design do dia a dia, de Donald Norman, foi sua inspiração para unir os princípios do design thinking com os insights das ciências comportamentais para apoiar a elaboração de políticas públicas que aprimorassem as decisões dos cidadãos no que tange a saúde e poupança.
Talvez tenha chegado a hora de você pensar seriamente em montar uma equipe dedicada à ciência comportamental em sua empresa – ou um “departamento de nudge”, como vamos nos referir a tal equipe neste texto.
Interferir de maneira sutil para ajudar as pessoas a tomar melhores decisões não é novidade. Desde a década de 1950, cientistas comportamentais usam uma combinação de psicologia e economia para estudar a irracionalidade humana e conceber maneiras de influenciar as escolhas dos consumidores e o comportamento dos colaboradores. Nas últimas duas décadas, as empresas vêm, cada vez mais, lançando mão de insights da ciência comportamental para diminuir a influência de vieses nos conselhos, melhorar a tomada de decisões estratégicas, proporcionar benefícios aos clientes, aumentar a eficácia das campanhas de marketing e evitar apostas ruins em aquisições ou investimentos.
A publicação do livro Nudge: O empurrão para a escolha certa (ed. Elsevier), de Richard Thaler, vencedor do Prêmio Nobel, em coautoria com Cass Sunstein, há cerca de dez anos, aumentou o interesse pelo tema no setor público. O governo do Reino Unido criou, com a ajuda de Thaler, o Behaviour Insights Team, ou departamento de nudges, como ficou mais conhecido, e ganhou notoriedade ao usar a ciência comportamental para incentivar os cidadãos a pagar seus impostos em dia e votar, assim como para lidar com questões de saúde pública. Os governos de Austrália, Dinamarca e Singapura também são entusiastas do nudge para políticas públicas específicas.