Foi simples assim: certo dia falei para minha chefe que gostaria de seguir carreira fora do País e que estava pronta para um desafio em escala global. Ao contrário do que projetei em minha cabeça, ela foi muito receptiva e começamos um plano para buscar uma posição em que eu pudesse continuar crescendo profissionalmente.

Eu acabava de voltar de uma licença-maternidade  entre caos, glória e o entendimento do equilíbrio  tão falado em fóruns de carreira, tão pouco encontrado entre as mulheres de 30. Eu mesma adiei os planos da maternidade enquanto pude. Acreditava que não seria a mesma depois de ter filhos, não renderia, não poderia viajar com a mesma frequência... Só agora, enquanto escrevo, vejo como essas crenças não fazem nenhum sentido.

Os profissionais de minha área gastam a maior parte do dia pensando em soluções que beneficiem a  humanidade ou elaborando modelos de negócio que transformem vidas. Eu tive esse encontro quando assumi meu maior desafio profissional até então. Minhas metas passaram a ser pessoas que  precisavam de uma profissão, lares com acesso à energia, redução de emissões de gases de efeito estufa e eficiência em transporte. Depois de um ano na área, já tinha histórias vividas na Amazônia e recebia mensagens de pessoas beneficiadas por nossos projetos. Logo vi as metas que pareciam distantes sendo superadas e pessoas responsáveis por cumpri-las engajadas em buscar metas mais agressivas e soluções mais inovadoras – engenheiros experientes encontravam sentido em seu ofício. Conheci gente que começou a falar com o coração, ter orgulho de voltar para casa  e compartilhar com a família o que fez no trabalho.