A empresa que os presidentes pensam dirigir não é a mesma para a qual os funcionários trabalham, como mostra esta reportagem
Quem já viajou conhece a sensação de estar sozinho em terra estranha. Você até tem domínio geral do idioma local, mas os nativos falam um dialeto que não se entende. Não dá para saber se conversam sobre os penteados deles ou se estão caçoando de sua roupa. Os hábitos também não são aqueles com os quais você se acostumou e, embora todos sejam educados na feira, é uma incógnita se apenas querem lhe vender algo ou receber uma gorda gorjeta.
Um executivo sênior de um miniestado corporativo também pode ser um viajante inseguro no trabalho. Aprender como uma empresa funciona por meio de relatórios é como aprender sobre um país por meio de um guia de viagem: a informação raramente está errada, mas é quase sempre insuficiente. Para gerir uma organização grande e complexa, tudo sobre ela tem de ser simplificado até o ponto em que uma pessoa possa entendê-la, e uma coisa tão simples paradoxalmente confunde, porque transmite apenas parte da realidade que pretende descrever.
“Em geral, os CEOs não têm contato com a complexidade existente na organização”, diz Michel Meijs, especialista holandês em comunicação corporativa de uma grande instituição financeira. “Eles veem somente a ponta do iceberg e recebem informações filtradas por outros, ou seja, seletivamente percebidas, retidas e reproduzidas.”