Silvio Meira, cientista-chefe do C.E.S.A.R, fala sobre como lidar com um cenário marcado pela formação de crises sucessivas entre trabalho, comunicação e tecnologia
Vivemos em tempos exponenciais há muito, embora no Brasil alguns ainda queiram esperar um pouco mais para admiti-lo. Historicamente, nossas empresas esperam. Elas esperam para fazer qualquer coisa –esperam que se construa um número de “melhores práticas” em outro lugar e possam copiar; esperam que das crises nasça alguma rotina para então segui-la; simplesmente esperam.
A economia exponencial não permite esperas. Ela é dirigida por uma frente de ondas de inovação em eletrônica digital, redes, software e sistemas de informação em rede –e a velocidade dessa frente de ondas é a da Lei de Moore, que dobra a capacidade a cada dois anos, pelo mesmo preço.
Faz 40 anos que as mudanças causadas por essa frente não deixam quase nada no lugar e, nos próximos 40, acontecerá algo muito parecido. Imagine, a partir do patamar em que já estamos, quatro décadas de mudanças na velocidade das últimas quatro décadas. Nos próximos 40 anos, a combinação de computação (hardware e software), comunicação (redes) e controle (sensores e atuadores, internet das coisas), que eu gosto de chamar de “informaticidade”, será uma utility a mais, como são hoje a eletricidade e a água. Só que, enquanto as duas primeiras tendem a ser parte da rotina, a última sempre causará alguma crise.