Nos últimos sete anos, a Amazônia sofreu duas estiagens do tipo que só acontece a cada cem anos. Com a atual terceira onda de desmatamento e queimadas, promovida em nome de negócios da agricultura e da pecuária, a previsão dos cientistas é de que a maior floresta tropical do mundo se transforme, com o passar do tempo, em um vasto deserto.

Esse é o tipo de alerta, absolutamente concreto, que Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, político e empresário, faz em seu livro mais recente, O Futuro. Aos que conseguem imaginar um deserto amazônico, a visão é tão assustadora quanto a dos monstros e robôs destruidores dos filmes de terror futuristas. Só que, no cinema, há sempre um herói para debelar a ameaça, ainda que o faça com imensa dificuldade. E na vida real? Ao que parece, é preciso responder a três perguntas-chave antes de obter uma resposta com algum sentido: (1) “Qual é a fonte da ameaça?”, (2) “Quem é o herói potencial?” e (3) “Como o herói vence a imensa dificuldade existente?”.

Nesta entrevista exclusiva a HSM Management, Al Gore não se concentrou na ameaça específica à Amazônia, nem culpou apenas países emergentes como o Brasil; ele abordou o que seria um gigantesco risco à sobrevivência da espécie humana e definiu a responsabilidade pelo problema e pela solução como coletiva. Seu tom, na entrevista, foi mais otimista do que o percebido no livro. “Grandes desafios costumam trazer grandes oportunidades, além dos riscos, e temos as ferramentas para lidar com isso”, observou o político quando confrontado com a teoria da abundância de seu conterrâneo Peter Diamandis, empreendedor para quem os desafios do futuro serão vencidos com empreendedorismo.