“Pororoca digital.” Essa imagem bem brasileira do encontro de rio e mar, caracterizado por águas revoltas que correm em todas as direções, foi a analogia encontrada pelo especialista em empreendedorismo inovador Silvio Meira para sintetizar o complexo desafio da transformação digital que vivem as empresas do País hoje: fornecedores e consultores diversos propõem tecnologias e métodos diversos, e os gestores são como peixes confusos no movimento da água – até por se tratar de “água barrenta”, como pode ser metaforicamente representado o custo Brasil.

Para Meira, que é presidente do conselho do cluster de inovação Porto Digital, de Recife (PE), e sócio-fundador da consultoria em transformação digital MuchMore, a real compreensão do cenário atual é a alavanca para a transformação digital corporativa. “De 1995 para cá, com a chegada da internet, as pessoas se informatizaram muito mais e melhor do que as empresas. E os serviços digitais do Facebook ou da Amazon, por exemplo, são muito melhores do que a maioria das ofertas das empresas analógicas”, explica Meira. “Pior: a percepção geral é que, enquanto as pessoas subiram de elevador para andares superiores, as empresas não ficaram estacionadas; elas desceram para o segundo subsolo.”

De repente, os clientes querem das empresas a mesma qualidade de informatização e interface (leia-se: experiência de uso) como a que têm em um Instagram. Em suas vidas sociais online, a sensação é que viver é muito mais fácil do que quando têm de usar um banco ou pagar um imposto na vida real.