Na segunda metade dos anos 1990, David Ulrich, chamado de “pai dos recursos humanos” pela HR Magazine, lançou um livro intitulado Human resource champions, em que apresentava seu modelo dos papéis do RH: conforme as funções cuidavam mais do presente ou do futuro, e das pessoas ou dos processos, quatro papéis apareciam – parceiro estratégico, agente de mudança, campeão dos funcionários e especialista administrativo. Era o começo da revolução mundial da gestão de pessoas, que migrava de uma mera área de apoio operacional para um papel  estratégico do negócio. 

Passados 30 anos, olhando o cenário atual, cabe a avaliação: será que o RH viveu essa revolução no Brasil? Em parte, viveu, e é isso que a jornalista Daniela Diniz mostra no recém-lançado livro Grandes líderes de pessoas, que reúne histórias em primeira pessoa de 14 influentes executivos-chefe  de recursos humanos (CHROs, na sigla em inglês), entre os quais Alessandro Bonorino, da BRF; Carlos Griner, da Embraer; Antonio Salvador, do Grupo Pão de Açúcar; Guilherme Rhinow, da Johnson & Johnson; Marcelo Nóbrega, da Arcos Dourados (McDonald’s); e Glaucimar Peticov, do  Bradesco. Mais do que contar a história do RH no Brasil por meio de seus personagens, Diniz indica aos profissionais da área parâmetros em que podem se inspirar ou com os quais vale a pena fazer benchmarking.

HSM Management preparou os highlights do depoimento de um dos benchmarks apontados por Diniz, José Renato Domingues, um executivo de RH que evoluiu a ponto de se tornar, em junho último, o diretor-executivo de pessoas, sustentabilidade e inovação do Grupo Tigre. Assumir a responsabilidade por toda a área de inovação, incluindo produtos e processos, em uma empresa bastante inovadora é algo de impacto. Mas talvez devesse ser mais comum. Como disse Domingues a HSM Management, “não se pode fazer um bom trabalho de inovação hoje sem levar em conta a cultura e as pessoas”. Aluno de engenharia mecatrônica da Universidade de São Paulo, Domingues fundou uma empresa, a consultoria Zumble, experiência que o fez trocar engenharia  por administração de empresas na ESPM-SP. Antes, atuou na consultoria DBM Brasil, atual Lee Hecht Harrison, empresa de desenvolvimento de talentos e transição de carreira,  e na empresa de papel e celulose International Paper, como  diretor de RH para a América Latina e VP de RH na fabricante de alumínio Novelis.