No ano passado, a Toyota ultrapassou oficialmente a General Motors em vendas de automóveis. Mas a força da empresa japonesa é apenas relativa, de acordo com os especialistas do setor. Assim como seus concorrentes, a Toyota enfrenta o acentuado declínio em vendas e o aumento da capacidade excedente mundial.

Em outras palavras, não é que a Toyota deixou a GM para trás; suas vendas mundiais apenas não caíram tanto como as da concorrente. A Toyota vendeu menos carros em 2008 do que em 2007 –seu primeiro declínio anual em dez anos. No ano fiscal de 2008, encerrado em março de 2009, a nova montadora número um registrou prejuízo operacional equivalente a cerca de US$ 5 bilhões, o primeiro desde que foi fundada, em 1937. E previa que, em março de 2010, esse prejuízo poderia aumentar para US$ 5,5 bilhões. “Mesmo tornando-se líder, não é de surpreen-der que a Toyota não esteja imune à desaceleração mundial”, diz John Paul MacDuffie, professor de administração da Wharton School, da University of Pennsylvania, cujas pesquisas concentram-se no setor automobilístico. Depois de anos de crescimento conservador, a Toyota acelerou sua expansão ao longo da década passada, tornando mais difícil acionar os freios nesta crise. “Ir do crescimento acelerado para um drástico encolhimento é um enorme desafio para a empresa.” 

A Toyota e outras empresas japonesas operam em um modelo de negócio que enfatiza a proteção dos empregos a qualquer custo, mas a severidade desse declínio forçou a montadora a tomar algumas medidas que estremecem o pacto de lealdade entre direção e funcionários. No Japão, onde a Toyota emprega cerca de 70 mil pessoas em tempo integral, ela cortou parte de sua mão de obra temporária. Nos Estados Unidos, também dispensou trabalhadores temporários de uma fábrica de picapes no Texas e adiou planos de construir seu modelo Prius em uma nova fábrica do Mississippi.