Você já viveu uma experiência em que cinco horas pareceram passar em cinco minutos, de tão engajado que estava em sua tarefa? Se sim, você pode dizer que já atingiu ao menos uma vez o "flow", um estado de consciência em que ação e pensamento se fundem, e a pessoa simplesmente “flui”, atingindo o máximo de produção física e mental sem fazer muito esforço, sem estresse nem ansiedade. Trata-se de uma experiência tão poderosa que, antigamente, era considerada mística, como observa o jornalista Steven Kotler, hoje diretor-executivo do Flow Research Collective e autor de um livro sobre o assunto, Roubando o fogo.

Um expediente de trabalho inteiro em flow é o sonho de produtividade de qualquer pessoa (e empresa). É possível atingir o flow com frequência, mas não é algo tão comum de acontecer. Foi o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi quem trouxe o “flow” à luz recentemente. A seu pedido, milhares de indivíduos, de escultores a operários, registraram seus sentimentos ao longo de um dia de trabalho, como em um exame holter de medir pressão arterial. O que ele observou foi que, sempre que as pessoas empregavam plenamente suas capacidades para atingir um objetivo, entravam num modus operandi diferente, como se tivessem uma fonte de energia ilimitada, que batizou de flow. Mais ainda, Csikszentmihalyi descobriu que elas faziam isso quando perseguiam metas que lhes exigiam aumentar as capacidades.

Entrar em estado de flow tem a ver com metas esticadas, portanto, mas não depende apenas disso. Na HSM Expo 2019, onde Steven Kotler falou a respeito, ele listou 22 “gatilhos” de flow ao todo. Eis alguns exemplos: substâncias químicas (o que nem ele nem HSM Management recomendam); feedbacks imediatos (do gestor, do cliente ou de outras pessoas); a existência de equilíbrio entre capacidades e desafios; autonomia para fazer as coisas a seu modo; exercitar a concentração no momento presente. “É preciso maximizar a concentração das pessoas”, repetiu Kotler com insistência, acrescentando que, por isso, os escritórios abertos devem ser extintos das empresas. Não é uma concentração indefinida, naturalmente. Ele propõe começar com 90 minutos e tentar ampliar para 120.