Por Leonardo Pujol e Danielly Oliveira

Certa manhã, ao despertar de sonhos intranquilos, Gregor Samsa viu-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso. À primeira vista, imaginou ser apenas um insólito contratempo. Mas o tempo passou, e ficou claro que a nova aparência seria irrevogável, afetando toda a família. Esse é o mote de A metamorfose, a mais célebre obra de Franz Kafka. “Nas empresas, acontecem coisas parecidas”, compara Cássio Pantaleoni, vice-presidente de digital experience sales da Adobe. “Como Gregor Samsa, que da noite para o dia virou inseto, as empresas vão deparar inesperadamente com bugs, desafios ou novidades que mudarão o curso dos negócios. Foi assim com a transformação digital, por exemplo”, diz ele, que também é escritor e mestre em filosofia.

A referência pode soar tão inusitada quanto o destino de Samsa. No mundo corporativo, prevalecem menções a autores e livros de empreendedorismo, gestão, finanças, psicologia organizacional, motivação. E quanto a Kafka, Hemingway, Tchekov? Nem tanto. Empresários, executivos incluindo os C-levels, líderes e gestores em geral não costumam ser lei-tores de ficção. Mas, uma vez que a pessoa se habitua a contos e romances, não consegue deixar de fazer isso por prazer e por pragmatismo. “Como lido com clientes e colaboradores, a ficção é essencial para mim. É uma das melhores maneiras para decifrar a natureza humana e desenvolver empatia”, explica Arthur Mello, sócio da Vita Investimentos [leia mais na pág. 59], que diversificou sua carteira ano passado investindo numa livraria.