O executivo Ítalo Flammia entrou na Porto Seguro Seguros em 2009, como um pioneiro da inovação aberta no Brasil e com uma experiência bem-sucedida no portfólio – a Natura. Com sua bagagem, e a cultura de foco no cliente da empresa, acreditou que não haveria dificuldade para implantar o mesmo modelo na seguradora. Mas fracassou. Foi preciso esperar quatro anos, até 2013, para conseguir vender internamente uma estratégia de inovação aberta.

Ele precisou criar histórias e personagens relevantes, casos de sucesso, e a estratégia muito bem delineada. As pessoas queriam inovar, ele sabia, mas elas não tinham ideia de como fazê-lo. Mesmo assim, conseguiu montar a aceleradora de startups Oxigênio só dois anos mais tarde, em 2015.  Flammia entendeu que a inovação não é algo democrático nas empresas; precisa ser imposta de cima para baixo com o patrocínio do CEO ou do  conselho de administração. Outro aprendizado valioso foi que a área de inovação deve sempre atuar como facilitadora, nunca como protagonista; todos os holofotes precisam ficar sobre as áreas de negócio, se o objetivo for ter sucesso. 

Esse depoimento de Flammia, dado recentemente no evento InovaDay SP, mostra um pouco da dificuldade que um processo de transformação  digital está enfrentando em empresas do setor. A indústria financeira como um todo é conservadora por natureza, o que a torna lenta nas mudanças. Dentro dela, os bancos, por exemplo, estão sendo mais rápidos do que as  entidades de seguros na adoção de inteligência artificial, machine learning, big data, internet das coisas (IoT) e outras tecnologias.