Em se tratando de capacidade de análise, o Brasil vai bem. Pelo menos, são dois brasileiros que fazem o melhor diagnóstico do ambiente de negócios mundial, conforme o economista e investidorPaulo Guedes, Ph.D. pela University of Chicago: Antônio Conselheiro e Ariano Suassuna. O primeiro, beato que liderou a mítica Guerra de Canudos no interior baiano entre 1896 e 1897, avisou que o sertão ia virar mar e o mar ia virar sertão –assim registrou o escritorEuclides da Cunha em Os sertões. O segundo, dramaturgo pernambucano, disse que, em volta do buraco, tudo é beira.

Brincadeiras à parte, realmente o Brasil pode ser visto como um sertão que está virando mar e que se localiza longe do buraco –o capital de investimento só faz crescer aqui; estimam-se US$ 50 bilhões apenas em investimentos estrangeiros diretos que entrarão em 2012. Mas estarão nossos empreendedores preparados para tanto dinheiro? O ciclo que vai de analisar um investimento a gerenciá-lo é eficiente? Já temos um ecossistema na área?

O modelo de investidor favorito de todos, Warren Buffett, que é um craque da análise microeconômica e prefere estabelecer um compromisso de longo prazo com os parceiros empreendedores a pressioná-los no curto prazo, ainda inexiste aqui, por exemplo. Em entrevista exclusiva a HSM Management, Paulo Guedes mostra, contudo, que a capacidade de análise macroeconômica, uma marca pessoal sua à frente do grupo BR Investimentos, pode ser um diferencial importante na escolha de ativos e lhe possibilita contribuir decisivamente para os negócios de que participa –ao menos mais um economista, Armínio Fraga, personifica esse modelo “economista investidor”. A seguir, Guedes aborda gaps do ecossistema de investimento nascente e limitações das políticas públicas e destaca oportunidades a explorar em educação, logística e tecnologias leves, entre outras.