Empreendedor e inovador – essas duas características são objetos de desejo da sociedade contemporânea. No mundo corporativo, ter equipes recheadas desses profissionais é o sonho dos executivos. Os governos querem gente assim para alavancar a economia. Muitos brasileiros almejam ser desse jeito, mirando conterrâneos bem-sucedidos, como Jorge Paulo Lemann e Luiza Helena Trajano, ícones do empreendedorismo e da inovação no imaginário nacional.

A má notícia? Esses atributos são raros aqui, conforme constata a pesquisa Talento Brasileiro, conduzida pela firma de consultoria Etalent, especializada em gestão de pessoas, em parceria com o site Vagas.com e a Affero. Entre 2007 e 2012, cerca de 1,3 milhão de profissionais do País tiveram seu perfil comportamental analisado e, dos 36 perfis encontrados, o inovador e o empreendedor estão presentes em menos de dois de cada cem profissionais brasileiros. Mais escassos do que eles por estas bandas, só indivíduos visionários e impulsionadores, igualmente valiosos para o sucesso econômico: de cada cem profissionais, menos de um se encaixa nesses.

Em um país com 200 milhões de habitantes, contudo, uma razão de 1% ou 2% pode ser suficiente para desenvolver vários setores de atividade. “Com uma população desse tamanho, o Brasil acaba tendo quantidade de talentos para todos os campos, seja da alta tecnologia, seja do empreendedorismo”, analisa Jorge Matos, presidente da Etalent. Mas, para que o potencial se converta em realidade, é necessário que o profissional certo esteja no lugar certo, o que nem sempre acontece.