Falar da importância da coleta e da análise de dados para a tomada de melhores decisões não é um assunto novo no mundo dos negócios. A entrevista à CNBC nos idos de 1999 de um Jeff Bezos com muito mais cabelos mostra que, à época, a Amazon já coletava o equivalente a 350 disquetes por dia em dados de seus usuários para entender o comportamento de consumo deles. Se voltarmos ainda mais nessa linha do tempo, veremos que o conceito de marketing com dados surge no fim da década de 1980. A diferença é que havia muito menos deles disponíveis, como explica Fábio Adiron, consultor de marketing com dados e professor nos MBAs da FGV e da Saint Paul. “Em 1991, quando eu trabalhava na Sharp, minha função era fazer marketing com dados. A American Express e a Credicard também já faziam isso aqui no Brasil, e sabiam quanto e onde seus clientes gastavam dinheiro.”

Contudo, há duas novidades significativas em relação ao uso de dados nos negócios. Mais especificamente, na importância deles para a oferta de produtos. A primeira delas diz respeito ao uso desses dados para fazer atualizações de ofertas em tempo real. A segunda está ligada ao aumento da influência deles para definir outros fatores do produto que vão além do preço.

Atualização de produtos em tempo real Para tangibilizar o conceito de tempo real no contexto da atualização de produtos, Adiron sugere um site de e-commerce como exemplo. Quando uma pessoa entra nessa página por meio da busca por um determinado produto, a plataforma adquire automaticamente alguns dados de comportamento de compra sobre o consumidor. Caso ele seja um cliente, a coleção de dados já acumulados anteriormente é ainda maior: quais seções do site visitou, onde clicou (e não clicou), em qual momento abandonou a página, entre vários outros.