O enredo era sempre o mesmo, o que mudava era o endereço. Não foi uma, nem duas, mas dezenas de vezes que as empresárias Denise Amado e Sandra Sciacca, donas da Discover Eventos, agência especializada em viagens de incentivo e eventos corporativos, chegaram à reta final de concorrências como as únicas mulheres na mesa de negociação. Na maioria das vezes, tinham como interlocutor um executivo, dificilmente uma mulher. “Uma das situações mais marcantes aconteceu na sede de uma gigante japonesa do ramo de eletroeletrônicos”, lembra Denise. “Fizemos a apresentação, sabíamos que tínhamos a melhor proposta, mas, mesmo assim, a resposta não vinha.”

Cansada de esperar, a empresária resolveu tirar a dúvida. A resposta foi ao mesmo tempo surpreendente e reveladora: “A companhia tem uma cultura muito conservadora. Embora vocês tenham apresentado um bom projeto, com valores dentro da média dos demais, a opção foi por uma empresa que tem um homem na liderança”, disse o executivo.

“É duro você ouvir que seu projeto é melhor, mas mesmo assim você não foi selecionada, pois a escolha recaiu em uma proposta inferior pelo simples fato de ter um homem à frente do negócio.”