2012 talvez passe para a história gerencial brasileira como o ano em que uma mulher assumiu a presidência da maior companhia do País, entre as mais valiosas e uma das 25 maiores do mundo. Para o segmento empresarial, ver Graça Foster no cargo de CEO da Petrobras é quase uma ruptura, mais significativa até do que o fato de a presidência da República ser ocupada por uma mulher [a participação de Foster na ExpoManagement pode ser conferida no quadro ao lado]. Afinal, essa comunidade específica caracteriza-se pelo domínio absoluto das posições de liderança pelos homens. Se, no mundo, há menos de uma CEO mulher para cada dez empresas, no Brasil, a sub-representação é três vezes mais desestimulante: uma CEO mulher para cada 33 empresas, conforme dados da pesquisa Grant Thornton 2012 apresentados por Sofia Esteves, do Grupo DMRH/Cia de Talentos, no Auditório Liderança Feminina, implementado nesta ExpoManagement como tribuna especial para discutir os diferenciais profissionais ligados a gênero.

Se são relativamente poucas as CEOs brasileiras –várias delas estavam no evento, inclusive–, diretoras, superintendentes e gerentes constituem um grupo mais abundante: ocupam 21% dos cargos executivos. Mas há uma clara desproporção em relação a sua participação no mercado de trabalho, de 50% a 60%. Se forem levadas em conta as métricas de 2012 do Fórum Econômico Mundial, citadas durante o evento, chega a haver incoerência com o ranking de competitividade (embora o Brasil ocupe a 48ª posição, sua comunidade de negócios, considerada bastante sofisticada, tem o 33º posto), mas existe compatibilidade com nossa posição no ranking de igualdade entre gêneros (o Brasil, apesar de ter evoluído, ainda é o 62º colocado, atrás de países como Equador, Mongólia, Venezuela, Jamaica e Madagascar) .

O que explica o fenômeno? E, principalmente, como revertê-lo? Isso seria, talvez, um problema menor se as empresas não necessitassem, cada vez mais, de um equilíbrio entre o que a consultora e professora do Insead e da PUC Minas Betania Tanure denominou “energia masculina” e “energia feminina”. Ao menos uma habilidade feminina –em seu lado sol, conforme Tanure– é urgente e importante no ambiente corporativo: a capacidade de capturar a emoção nas organizações –em tempos de mudanças constantes e/ou radicais, que causam estresse demais, isso vale ouro.