Embora tenham alcançado um sucesso espetacular em tornar as pessoas mais ricas, as sociedades contemporâneas vêm estimulando os apetites individuais tão continuamente que acabam por anular parte dos ganhos obtidos. Quem afirma isso é o suíço Alain de Botton, uma das grandes referências da filosofia mundial, autor de livros como As Consolações da Filosofia, Desejo de Status, A Arquitetura da Felicidade e Os Prazeres e Desprazeres do Trabalho (todos, ed. Rocco).

“Nas sociedades avançadas, pagam-nos salários elevados que aparentemente nos fazem mais ricos, mas na verdade o ‘efeito de rede’ (quando o valor de algo aumenta à medida que mais pessoas o consomem) pode estar nos empobrecendo, ao encorajar expectativas ilimitadas e manter aberta a brecha entre o que queremos e o que podemos ter”, afirma ele, em entrevista exclusiva a HSM Management.

Expectativas tão altas dificilmente podem ser satisfeitas e o resultado é uma sociedade de pessoas “tristes, irritadas, enlouquecidas” –e, como consequência, também pouco produtivas. Para Alain de Botton e um número crescente tanto de filósofos como de economistas e consultores de empresas, a melhor solução para o problema tende a ser a filosofia como uso pessoal, que põe o dedo nas feridas individuais, fazendo cada um distanciar-se de seu quadro para compreendê-lo melhor e, então, realmente encaixar-se.