Diante de uma tela de Van Gogh, o leitor a define como uma mistura de vários comprimentos de ondas que formam cores? Imagino que não, e isso seria o mesmo que responder “sim” à pergunta do título mostrando exames de ressonância magnética que comprovassem a existência de fluxos elétricos no cérebro dos líderes.

Pensar é algo muito maior do que a definição biológica da atividade; a experiência de pensar é que importa. Para que uma resposta à provocação do título seja significativamente afirmativa, portanto, duas dimensões principais da experiência de pensar devem ser contempladas: a inspiração e a aspiração. A primeira vem antes da aquisição de conhecimento sobre o assunto, feita de pura estética (filosofia do belo), e é desprovida de juízo de valor moral –trata apenas de sentimento e prazer autênticos. Na segunda, a estética e a ética (filosofia do comportamento) se misturam em doses distintas, e, assim, há influência clara de filtros culturais e morais e de experiências passadas no pensar.

Enquanto a aspiração é bastante levada em conta pelos gestores no universo dos negócios, a inspiração costuma ser negligenciada. Prova disso está na crença, pelos executivos, de que eles controlam seus pensamentos. Não é assim: frequentemente os pensamentos nos “invadem” e, por vezes, até pensamos em coisas que não queríamos. Algumas pessoas chegam a sobrevalorizar os pensamentos que mais controlam e minimizar os não controláveis, o que piora o quadro. (Acima esquematizamos o pensar dentro do modelo “Inspiração e Aspiração”, com a intenção de reunir as dimensões do pensar pré-conhecimento e do pensar com base em conhecimento.)