Em 1967, músicos brasileiros como Elis Regina, Caetano Veloso e Gilberto Gil participaram de uma passeata contra o uso de guitarras elétricas na MPB. Foi nossa versão dos ludistas, ingleses que se rebelaram contra a modernização na Inglaterra, entre 1811 e 1818, quebrando máquinas e invadindo fábricas em protesto à Revolução Industrial. Por aqui, a manifestação não durou muito e em pouco tempo Gil e Caetano criaram alguns clássicos da Tropicália abusando do instrumento, como no próprio hino do movimento “Alegria, alegria”.

Toda época tem seus ludistas, e hoje há quem esteja cansado dos estímulos tecnológicos e da quantidade de informações vindas da internet. Um movimento “neoludista” é o que prevê Mohanbir Sawhney, professor de mar­keting da Kellogg School of Management, algo a que as empresas devem estar atentas. Afinal, o Institute for the Future, um dos “think tanks” da inovação, já sinalizou: “Dos escombros do embate entre as visões da tecnologia como aliada ou como inimiga surgirá a nova identidade mundial”.

Em entrevista exclusiva à editora--executiva Adriana Salles Gomes, o pesquisador e consultor de empresas indiano, que se tornou uma das maiores autoridades mundiais em marketing colaborativo e inovação, esclarece seu pensamento sobre marketing, tecnologia, relações humanas, processos colaborativos, fundamentos a preservar e riscos a enfrentar. Ele se diferencia, entre outros aspectos, pela criação poética e pelo background cultural. A poe­sia, na opinião do especialista, contribui para o marketing ao fornecer elementos para a criação de uma comunicação simples e direta. E seu Oriente contribui para o Ocidente, por valorizar a intuição e com suas fábulas e provérbios. Com clientes brasileiros em seu portfólio, Sawhney discute, ainda, a resistência das empresas brasileiras a abraçar a era da colaboração.