Parado na frente de um edifício abandonado em Santa Clara, no coração do Vale do Silício, Jan Koum pega a caneta, apoia os papéis contra a porta de madeira e assina. Sem pestanejar. Ele acaba de vender o WhatsApp para o Facebook por US$ 22 bilhões. Sua vida nunca mais será a mesma, mas Koum não está preocupado. Está acostumado com mudanças.

Filho único de um casal formado por um trabalhador da construção civil e uma dona de casa, Koum nasceu em uma aldeia da Ucrânia, perto da capital, Kiev, em uma casa muito simples, em que água quente era um luxo. Aos 16 anos, ele se mudou com a mãe para a Costa Oeste dos Estados Unidos. Como não tinham dinheiro suficiente (ela era baby-sitter), ele foi trabalhar em um restaurante fast-food e contou com a ajuda do serviço de assistência social. É na frente do edifício em que ia pegar todos os meses o cheque do governo que ele assina a venda do aplicativo.

A transação o colocou no seleto clube dos bilionários da área de tecnologia, com uma fortuna pessoal estimada em US$ 7 bilhões, e o converteu em uma celebridade, atraindo a atenção dos principais jornais do mundo. Ele recusa, porém, a maioria dos pedidos de entrevista; não quer saber de exposição na mídia. “Não é meu estilo, nada disso me interessa. Prefiro ser discreto e seguir trabalhando com meu pessoal”, afirma.