Mestrado na London University, financiado pelo governo britânico com bolsa de estudos integral. Graduação em uma das melhores universidades públicas do Brasil, a Universidade de São Paulo. Bolsa para intercâmbio durante a graduação em uma universidade líder na França. Anos de curso de inglês. Vários cursos complementares. Em uma conta rápida, calculo no meu livro Feminismo materno – O que a profissional descobriu ao se tornar mãe (recentemente publicado pela Pólen Livros) que minha formação acadêmica custou não menos do que R$ 400 mil. E boa parte desse investimento não foi feito por minha família, mas pelos cofres públicos desses três países.

A inflexibilidade das empresas é uma barreira na vida da profissional que decide se tornar mãe. É preciso discutir essa rigidez se quisermos atingir a equidade.

Faço esse cálculo para questionar o que considero a pior e – por incrível que pareça – a mais difundida estratégia de negócios existente hoje no mundo: um modelo de trabalho rígido e inflexível, criado a partir da industrialização, há 200 anos, por homens e para homens, antes da imensa revolução tecnológica da última década.