Este ano tem Copa do Mundo de Futebol. O que o leitor de HSM Management fará durante o evento? A resposta provável é: “Assistirá ao maior número de partidas possível”. A boa notícia é que ele não precisa considerar isso uma perda do tempo em que deveria estar trabalhando. Ao contrário, se futebol é paixão, magia, habilidade e técnica, ele também representa produto, concorrência, clientes, poder e dinheiro. E, assim, tem muito a ensinar aos gestores.

Não se assuste, porém. Perguntaram certa vez a David Goldblatt se, no futebol moderno, o negócio não havia roubado o espaço do esporte. E o autor de The Ball is Round, um compilado da história, sociologia e magia do esporte mais popular do mundo, respondeu com um relato simples: “Não faz muito tempo, fui assistir ao Manchester United quando o clube inglês era o epicentro da revolução do branding global e das mudanças advindas da aquisição estrangeira. Em campo, encontrei outra coisa. Tive o privilégio de ver como Carlos Tévez carregava a partida nas costas, bem como os 21 jogadores que estavam com ele em campo e os 70 mil espectadores do estádio. Eletrizante”. Outra lição para as empresas: o futebol virou um (bom) negócio, mas nunca perdeu a alma de esporte.

Há 12 anos, a divisão especializada no negócio dos esportes da firma de consultoria multinacional Deloitte elabora uma série de relatórios anuais sobre o futebol, entre eles o “Foot­ball Money League”, no qual se relacionam os 20 maiores clubes do mundo, geralmente lançado no Soccerex European Forum (evento para executivos de clubes, ligas, imprensa, agências de marketing e branding). Na abertura da edição 2009 deste, aparece a frase: “A natureza da indústria do futebol permitirá aos grandes clubes resistirem, de alguma maneira, à recessão econômica”. Em recente entrevista, Dan Jones, sócio da Deloitte responsável por essa divisão, destacou, não obstante, que “o impacto será notado em 2011, quando os resultados refletirem a venda e a renovação de cadeiras cativas, eventos e outras ações corporativas (corporate hospitality). A atividade no mercado de transferências continua, os direitos se renovam e, ao menos na Europa, o público dos estádios se mantém o mesmo. Acho que, graças a esse entusiasmo que o esporte gera nas pessoas, mais forte do que os humores da economia, os clubes demonstram ser razoavelmente resilientes”. Deve ser por isso que, com precisão e elegância, Goldblatt disse uma vez que o negócio do futebol é “insular”, ou seja, de certo modo está protegido dos reflexos do entorno.