Steve Jobs, cofundador da Apple, foi um dos grandes storytellers de nossos tempos. Ele revolucionou o design de computadores pessoais, é claro, mas seu grande trunfo talvez tenha sido o storytelling. Sua habilidade de contar  histórias permanece viva na carreira de ex-colegas, como Jonathan Ive, designer-chefe da Apple, Tim Cook, CEO da empresa, Tony Fadell, fundador da Nest Labs, e John Lasseter, executivo-chefe de criação da Disney e da Pixar. Ele inspirou todos a se comunicar de maneira diferenciada, vendendo suas ideias de um jeito que capture a imaginação  do público. Quer um exemplo concreto de sua faceta de contador de histórias?

Imagine a cena. O sol se punha sobre o rio Hudson em um dia frio dos anos 1980, e dois homens estavam no terraço de um luxuoso apartamento, ignorando a vista para o Central Park, em Nova York. Um deles, um rebelde de 26 anos vestindo blusa de gola olímpica e calça jeans, olhava para seus tênis de corrida havia um bom tempo sem falar uma palavra sequer. Então, mais rápido do que se pode acender a luz, virou-se para o homem a seu lado – um executivo bem-sucedido, a um mês de seu 45º aniversário – e  falou as palavras que transformariam a carreira de ambos, além de mudar o mundo dos negócios para sempre: “Você quer vender água com açúcar pelo resto da vida ou ter a chance de mudar o mundo?”. 

John Sculley havia rejeitado a oferta de Jobs para comandar a Apple, alegando que pretendia continuar em sua posição na PepsiCo. A pergunta de Jobs, porém, forçou-o a fazer uma séria busca interior. “Eu engasguei porque sabia que ficaria o resto da vida pensando no que eu teria perdido”,  recorda Sculley a respeito daquela pergunta que veio como um soco no estômago.