Durante a pandemia, a mobilização das comunidades em todo o Brasil foi fundamental para garantir o sustento e a saúde de milhões de sustento e a saúde de milhões de diante da inação ou da falta de alcance do poder público. De acordo com os institutos Locomotiva e Data Favela, mais de 13,6 milhões de brasileiros moram em favelas. Em tempos normais, essa população já sofre com a falta de assistência do Estado, e com dificuldades econômicas e sociais. O novo coronavírus agravou um cenário que já era difícil, obrigando milhares de negócios a fechar as portas ao limitar a circulação de pessoas e desacelerar a economia.

Uma pesquisa da Rede de Pesquisa Solidária mensurou alguns desses impactos. A crise econômica afetou diretamente a renda das famílias que moram em favelas e periferias brasileiras. Milhões de vagas de emprego formal foram perdidas, e a renda dos autônomos também sofreu com a retração geral, uma vez que foram os primeiros a sofrer cortes. Nas comunidades, grande parte da população sobrevive justamente na informalidade. O auxílio emergencial foi importante, mas nem todos conseguiram desfrutar da ajuda. Cerca de 30% dos moradores desses territórios tiveram problemas ao fazer o cadastro e sacar o benefício.

Além disso, a fome foi identificada como um problema em 68% das comunidades pesquisadas pela rede. Vendo sua renda diminuir, as famílias perderam a capacidade de comprar os insumos mais básicos para sua sobrevivência. Mesmo com o registro de enormes quantidades de doações de empresas privadas, a distribuição dos recursos é sempre irregular.