Você tem uma apresentação para fazer. Um relatório que precisa ser explicado para o board da empresa, um novo projeto a ser dividido com sua equipe ou uma palestra que será feita para mil pessoas. Então, frente a um desses desafios, você abre o PowerPoint (ou Keynote, se tiver um Mac) e fica olhando para aquele grande retângulo branco enquanto se pergunta “por onde eu começo”? 

Como diz meu amigo e sócio Paulo Ferreira, começar uma apresentação pelo PowerPoint é o equivalente a começar a construção de uma casa pelas ferramentas, esquecendo-se do projeto arquitetônico, do plano de obras etc. O fato é que o PowerPoint é uma ferramenta incrível, que facilitou bastante nossas vidas na árdua missão de apresentar e vender ideias. Mas, de certa forma, se ficamos presos à ferramenta, nos esquecemos de algo muito mais importante e que deveria vir antes dela: a narrativa.

Jeff Bezos, o famoso CEO da Amazon, parece ter consciência disso, tanto que data de 2004 seu primeiro e-mail banindo o PowerPoint de reuniões em sua empresa. Posição reforçada recentemente em 2018, em uma carta para acionistas. No lugar do PowerPoint os funcionários da Amazon devem escrever memorandos entre quatro e seis páginas explicando seu ponto, de modo estruturado, com começo, meio e fim. Ele deixa claro que os memorandos devem conter parágrafos, verbos, substantivos etc. A ideia por trás desse formato é que ele força as pessoas a priorizarem as informações que importam e facilita a estrutura de argumentação, de maneira que seja mais próxima de uma conversa normal ou de um discurso. Ninguém contando histórias no bar para amigos, ou falando em um palanque, comunica-se por bullet points, não é mesmo?