Você conhece a Automattic? É a empresa-unicórnio do empreendedor Matt Mullenweg, mãe da plataforma em que se apoiam 30% dos sites atuais – o WordPress. O que mais chama a atenção no modelo da Automattic, como escreveu Pedro Waengertner no recém-lançado A estratégia da inovação radical, é “a descentralização levada ao extremo” observada em seu design organizacional. Graças a uma série de recursos, cerca de 700 pessoas espalhadas pelo planeta conseguem tomar decisões em conjunto e gerar resultados.

O sucesso de Mullenweg evidencia uma mudança que muitas empresas tradicionais ainda têm dificuldade de aceitar: a descentralização das decisões está virando a regra do jogo em um contexto em que responder rápido ao mercado e com inovação vem definindo os vencedores. Não à toa, Netflix, Google e outros líderes de mercado têm a descentralização em seu DNA. Embora descentralizar seja algo mais fácil de falar do que de fazer, o design descentralizado não precisa ser tão complexo como o da Automattic. Um caminho mais factível é usar os squads, ou esquadrões, a unidade básica da gestão que segue a filosofia ágil. Como define Waengertner, squads são “times pequenos, multidisciplinares e com autonomia para tomar decisão”. Será que eles podem ser um fator descentralizador para você? Confira a seguir.

É no Spotify que localizamos a primeira menção a squads no meio empresarial. Em 2012, o serviço de música digital da startup sueca vinha crescendo rápido demais – tinha 20 milhões de usuários, 5 milhões com assinatura mensal – e precisava escalar a capacidade de inovar. “Eles usavam um método ágil, o scrum, para desenvolver com um grupo limitado de pessoas, mas tinham de espalhar isso pela organização. Depois de testarem alguns formatos, chegaram ao que batizaram de squad, inspirados no universo militar – esquadrões são as equipes do Exército que combatem os inimigos com autonomia”, conta Clarissa Santiago, especialista em métodos ágeis.