Em entrevista, Ricardo Young discute o papel da entidade, que atualmente reúne cerca de 600 empresas
Em 1998, quando o Instituto Ethos foi fundado no Brasil, a globalização estava virando o mundo empresarial do avesso. Pouco antes, nascera a organização não governamental Business for Social Responsability & Sustentability, na Inglaterra, e pouco depois veio o índice de sustentabilidade do Dow Jones da Bolsa de Nova York. Logo foi selado o Pacto Global da ONU, iniciativa das Nações Unidas para encorajar as empresas a serem mais responsáveis com seu entorno. A razão disso tudo? As multinacionais estavam integrando suas operações no planeta e percebeu-se que “a assimetria entre suas práticas nos países de origem e nos periféricos era escandalosa”, nas palavras de Ricardo Young Silva, presidente do conselho deliberativo do Ethos e um de seus fundadores. Nesta entrevista, Young avalia a evolução das empresas brasileiras quanto a assumir responsabilidades além da obrigação legal, compartilha providências tomadas em casos como o da Vale e lamenta o menor protagonismo dos CEOs nos dias atuais. Apostando que a fase é de transição, ele diz: o foco é a mudança cultural.
Para começar, qual o balanço das duas décadas de Ethos?
As empresas do Brasil avançaram muito, mas não avançaram o suficiente. Para elas, o imperativo econômico ainda é mais forte do que o imperativo ético, infelizmente; elas ainda não reconheceram realmente as limitações do imperativo econômico. Só que esse fato as tem levado a grandes perdas. Nunca foram destruídos tantos ativos neste País como no processo de corrupção revelado na Operação Lava-Jato ou na questão da mineração – mais especificamente, no caso da Vale.