Quando tudo começou, o mundo era mais simples. Os empreendedores sociais criavam organizações não governamentais (ONGs) com aporte da filantropia e davam pequenos empréstimos aos necessitados, para ajudá-los a iniciar seus negócios e deixar para trás a pobreza. Os bancos não se envolviam, porque consideravam esses tipos de empréstimo pouco rentáveis.

Hoje, após três décadas de rápido crescimento, o cenário do microcrédito ficou mais complexo; além de novos empreendedores no setor, somaram-se à concorrência os grandes bancos, que viram a possibilidade de ganhar dinheiro com a base da pirâmide. A Microfinance Information eXchange (MIX), que realiza pesquisa nessa área, informa que já existem pelo menos 1,2 mil instituições de microfinanças (MFIs, na sigla em inglês) no mundo. Em geral, elas são ONGs, contam com 88 milhões de clientes e 76 milhões de investidores, e as cifras crescem a um ritmo de 25% por ano –36% por ano entre 1998 e 2006, mas o ritmo se reduziu um pouco com a crise, entre 2007 e 2009. Os ativos eram US$ 60 bilhões em dezembro de 2008.

“O setor está ficando polarizado”, diz Elizabeth Lynch, gerente do Center for Microfinance Lidership, do Women’s World Banking (WWB), organização sem fins lucrativos que incentiva o desenvolvimento da mulher com o apoio dos microcréditos. “Agora, são as ONGs que estão diante dos bancos, o investidor social diante do investidor de risco. As microfinanças cresceram tanto que parece haver um confronto direto”, completa.