Em fevereiro, o governo Trump assinou um decreto promovendo o desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial (IA) nos Estados Unidos. A iniciativa foi uma resposta ao temor crescente, tanto no meio acadêmico como no governo, de que o país esteja ficando para trás na corrida com a China pela liderança mundial nessa área. Essa preocupação não é inteiramente infundada. De acordo com relatório da Universidade Tsinghua, em Pequim, a China já aparece em primeiro lugar em número de artigos e patentes relacionados com IA. E há vários fatores que impulsionam os avanços da China. Destaco três:

1º O país conta com uma fundamental vantagem de sistema. Desde a abertura econômica chinesa, cerca de 40 anos atrás, o modelo de desenvolvimento do país evoluiu: no topo, o governo central estabelece metas e diretrizes; na base, empreendedores privados emergiram para se tornar uma força primordial de crescimento. Ao mesmo tempo, no meio do caminho, os governos locais canalizam recursos de acordo com as prioridades nacionais e locais, financiando e apoiando empreendedores.

2º O tamanho grandioso da economia chinesa possibilita que as empresas, especialmente no setor de inteligência artificial, apresentem rápido crescimento. O país conta, por exemplo, com mais de 800 milhões de usuários de internet, constituindo, de longe, o maior mercado digital do mundo. Além disso, as regras de privacidade de informações são menos rigorosas. Essas condições ajudam a gerar uma abundância incomparável de dados, a partir dos quais os desenvolvedores de IA podem realizar pesquisas e experimentos em larga escala, de forma rápida e intensa, abrindo caminho para modelos mais precisos de machine learning.