Como o prestigioso The Wall Street Journal escreveu em 2003, esse brasileiro trocou uma rotina de voos em jatinho particular como presidente mundial de um banco de origem norte-americana por fazer carreata em caminhonete sob o sol intenso do interior de Goiás. Se o artigo fosse publicado em 2010, teria de acrescentar que ele voltou às pontes aéreas entre Rio, Brasília, São Paulo, Londres, Nova York e Basileia, onde é membro do conselho diretor do Banco de Compensações Internacionais (BIS), responsável pela seção das Américas e membro do comitê de governança dos bancos centrais.

Variedade de experiências profissionais não falta a Henrique de Campos Meirelles, que já comandou, mundialmente, o BankBoston, foi eleito deputado federal por Goiás e presidiu o Banco Central do Brasil por oito anos, tornando-se, com sua equipe, um dos paladinos inquestionáveis de nossa estabilidade econômica –trajetória que mostra que, mais que um técnico em finanças, ele é gestor e líder de pessoas e negócios.

HSM Management procurou-o para falar não sobre juros, câmbio e reservas, mas sobre gestão. O raro resultado o leitor confere nesta entrevista exclusiva a Adriana Salles Gomes, editora-executiva de HSM Management, e a José Salibi Neto, chief knowledge officer da HSM, concedida em dezembro de 2010. Aqui ele mapeia a gestão brasileira: desde o contexto em que se insere hoje, que lhe permite voos de longo prazo, até seus detalhes. Meirelles compara as esferas pública e privada, analisa a gestão macro e a microeco­nômica, avalia as perspectivas de internacionalização e inovação do Brasil, opina sobre o gestor local. Até Cândido Portinari entrou na conversa.