Abordar o tema dentro das empresas ainda é um desafio. Combater o estigma social, investir em programas estruturados e ampliar os espaços de conversa são algumas iniciativas que podem ajudar a virar esse jogo
Burnout. Nos dicionários de inglês, a expressão é definida como o incêndio que termina porque não há mais o que queimar, ou o esgotamento da força física, emocional ou da motivação, geralmente como resultado de estresse prolongado ou frustração. As duas definições se encaixam no que sentiu a especialista em gestão administrativa e financeira e logística Carolina Guedes, numa manhã, há oito anos. “Há algum tempo eu acordava cansada, desanimada e sem vontade de sair de casa. Naquele dia, quando acordei, parecia que tinha um motor ligado no peito”, lembra.
Trabalhando numa empresa de data centers e serviços de infraestrutura em TI, ela era responsável pelo planejamento, pela alocação de recursos e pela definição de prazos de execução em projetos de médio e grande portes, e também pela elaboração dos relatórios e do suporte às áreas técnica e comercial da empresa. No período que antecedeu aquela manhã, Carolina havia passado quatro meses se deslocando semanalmente entre São Paulo, onde morava e trabalhava, Barueri (na grande São Paulo), onde a empresa estava montando um data center, e Rio de Janeiro, onde coordenava e treinava uma equipe de ativação de serviços. Terminou um noivado e, durante as férias, continuou atendendo ligações e resolvendo assuntos de trabalho.
Naquele dia, não foi trabalhar. Ficou em casa, sendo monitorada por telefone pelo médico. “Me dei conta de que estava praticamente seis noites sem dormir, preocupada com o andamento de um projeto de grande porte no qual estava trabalhando”, conta. Somente no dia seguinte conseguiu ir ao consultório. O médico prescreveu medicação, terapia e a afastou do trabalho por duas semanas. Segundo Carolina, a medicação a acalmava, mas após algumas horas de tranquilidade, o motor voltava a funcionar em seu peito. No dia de retornar ao trabalho, ficou desesperada. Só voltou seis meses depois.