Matérias em periódicos de todo o mundo têm analisado o papel de governantes mulheres diante da pandemia do novo coronavírus. Em países como Alemanha, Noruega e Nova Zelândia, e cidades como San Francisco, o número de mortes tem sido menor a partir de decisões firmes de isolamento tomadas por suas líderes mulheres.

Essa diferença de gênero realmente impacta? E o que as empresas têm a aprender com isso? Nossa edição já estava bem encaminhada quando decidimos chamar duas especialistas sobre gênero e trabalho – uma canadense e uma brasileira – para nos ajudar a entender melhor esse fenômeno. Sarah Kaplan, diretora do Institute for Gender and the Economy (Gate) e professora de gênero e economia e de gestão estratégica da Rotman School of Management, e Cecilia Troiano, psicóloga, sócia da Troiano Branding e mestre em estudos de gênero e sexualidade pelo Institute for Women’s, Gender and Sexuality Studies da Georgia State University, nos Estados Unidos, e autora de três livros sobre o assunto, conversaram a respeito.

Para Kaplan, o que todas essas líderes têm em comum é que demonstraram características como transparência, comunicação clara, determinação, rápida tomada de decisão e informação pela ciência. “Os melhores exemplos de condução da crise são de mulheres que usaram os fatos e a ciência para embasar suas decisões, com empatia e realmente importando-se com as pessoas”, explicou. “Vemos todo tipo de exemplos maravilhosos, como Jacinda Ardern, a primeira-ministra da Nova Zelândia, que fez uma live no Facebook à noite, de moletom, depois de colocar o filho para dormir. Falou sobre o que significa, como família, vivenciar a quarentena e seus medos. E a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, que fez uma coletiva de imprensa voltada diretamente para as crianças.”