"O poder está trocando de mãos, vocês notaram? É por isso que o comércio está crescendo horizontalmente, no sentido leste-oeste, em vez de norte-sul.” Com essa declaração, e desenhando à mão o mapa-múndi acima (que exclui propositalmente as economias de Estados Unidos, Europa e Japão), o especialista em estratégia e coach de CEOs Ram Charan fez aos gestores presentes três pedidos: “Aumentem sua imaginação, observem a atual conectividade do mundo e, a partir disso, reconstruam seus negócios”.

Foram mais ou menos iguais os pedidos feitos pela equipe da Apex-Brasil que se apresentou na estação do conhecimento Brasil – Gestão que Dá Certo, mas com outras palavras. Marcos Lélis, coordenador da Unidade de Inteligência Comercial da agência, explicou bem: “Nós baseamos nosso crescimento no mercado interno, mas este tem de servir para nos dar escala e nos posicionar no externo. E nossas empresas vão ter de aprender a trabalhar com margem menor no mercado internacional, o que lhes exigirá diferenciar-se na pré e na pós-produção –porque, na produção em si, os concorrentes são tão bons quanto nós”. Ou seja, precisamos de inovação, do design à cadeia de distribuição, ou todos ficaremos embolados com os concorrentes. Rogério Bellini e Juarez Leal, executivos da Apex-Brasil, reforçaram que esse aprendizado –ou a reconstrução do negócio, nos termos de Charan– é um desafio. “Somos um país essencialmente produtor; nós nos concentramos na produção e esquecemos o resto. Somos ruins como marketeiros e ruins em trabalhar com serviços, que são chaves de competitividade. Se um cliente disser que quer o produto em sua gôndola no dia tal e em tal quantidade, temos de saber entregá-lo.”

Isso é ainda mais urgente porque, como lembrou José Luciano Penido, chairman da Fibria, é esperado que a população do Brasil comece a decrescer em 2030, em uma potencial redução de mercado interno, agravada pelo fato de que chineses e indianos, afinal, também querem ter maior participação na América do Sul.