Quando começou a estudar Administração na Universidade Federal Fluminense (UFF), Nina Silva não tinha ideia de que sua carreira enveredaria para a área de tecnologia. Mas sua irmã mais velha, primeira da família a cursar uma universidade e grande exemplo e incentivadora, já apostava em sua capacidade de liderança.

Desde pequena, morando em uma das maiores comunidades da Baixada Fluminense, no município de São Gonçalo, Nina Silva se incomodava com as diferenças e queria fazer valer sua opinião na escola. Em seu primeiro estágio, no segundo ano de faculdade, teve a chance de ser usuária-chave de logística na implantação de um ERP da SAP na empresa em que trabalhava. E viu na tecnologia a chance de ascender profissionalmente e de levar consigo o que ela chama de “pessoas como eu”: mulheres negras e periféricas (mas não só) que não têm acesso ao mundo digital.

Para ela, a área de tecnologia é a melhor para um profissional demonstrar sua capacidade multitarefas, como ela sempre foi: escrevia, gostava de esportes e se dava bem em matemática. “A tecnologia permite otimizar processos e está no centro das necessidades do consumidor”, afirmou em entrevista à jornalista Lizandra Magon de Almeida, de HSM Management. Por isso, começou a se incomodar quando percebeu que as empresas não estavam dialogando com a inovação e que, quando isso ocorria, não era da forma que defende, ou seja, com as pessoas no centro das decisões.