Quando Paul Otellini, ofamoso e discreto presidente-executivo da Intel, ouviu pela primeira vez as notícias, ficou em silêncio. “Meu silêncio era do tamanho de minha raiva”, disse. Ele estava pressionado por uma entrevista coletiva de Neelie Kroes,a responsável pelo equivalente europeu do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). “A Intel utilizou práticas ilegais de concorrência para anular seu único rival e assim reduzir as opções dos consumidores no mercado mundial dos chips x86”, afirmou Kroes no final de maio de 2009, em uma decisão de 542 páginas contra a Intel. A multa foi recorde:cerca de US$ 1,5 bilhão.

Ao final da entrevista, Kroes foi certeira: “Por fim, eu gostaria de chamar sua atenção sobre a mais recente campanha publicitária da Intel, que apresenta a empresa como ‘Patrocinadora do futuro’. Seu site convida as pessoas a deixar sua ‘visão do amanhã’. Bem, eu posso dar minha visão do futuro para a Intel, aqui e agora: obedeça à lei”.

Para Sean Maloney, então diretor de vendas e marketing da Intel, o ataque de Kroes foi uma jogada barata. “Foi a coisa mais emocional do dia”, diz ele, visivelmente transtornado. “Estávamos preparados psicologicamente para o que ia acontecer, e então ela vem com essa observação sarcástica”, afirma, fazendo o gesto de uma faca cortando o ar.