No HSM Business Summit 2015, Luc de Brabandere, consultor sênior do BCG e especialista em criatividade, criação de cenários e técnicas de visão estratégica, fala sobre os impactos das tecnologias nos campos da inovação e da criatividade
Transcrição:
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Então, Luc, é um prazer tê-lo aqui na HSM. Se não se importar, tenho algumas perguntas para você. Talvez eu tenha respostas, talvez.
Claro. A primeira é: como o big data pode ajudar a potencializar a criatividade e inovação?
Acho que o big data é uma ferramenta fantástica
que pode ajudar o ser humano a ver conexões. É tão enorme que não vemos a conexão. Mas é a ferramenta. Galileu usava o telescópio.
E graças ao telescópio viu coisas que ninguém tinha visto antes. E então podia conceituar alguma nova hipótese e teoria. Para mim, o big data é exatamente igual.
O big data é como um telescópio. Permitirá que vejamos coisas que não vimos antes. Mas não vai conceituar. O big data não pode propror uma teoria.
Precisa de alguém como você e eu para juntar as coisas e construir a hipótese.
Com a revolução tecnológica da nossa época, o que é mais difícil: ter a nova grande ideia ou mudar a habitual?
Por que usa 'ou'? Acho que essa lógica do 'ou' é o problema, ela vem de Aristóteles: é preto ou branco; europeu ou americano. Acho que deveríamos sair dessa lógica do 'ou',
e pensar no 'e' para juntar as coisas. Então, os dois são importantes. Precisamos continuar seguindo para aumentar o que é bom; isso tudo bem. E precisamos de algumas coisas novas.
Então, precisamos de ambos. E provavelmente, o papel do CEO é afinar e organizar os dois. Quando vamos do 'mais do mesmo' para grande coisa nova?
Esse é o papel do gerente. Isso tem a conexão com a próxima pergunta. Novas tecnologias e velhas mentalidades serão capazes de coexistirem
em um mundo de negócios complexo e mutável?
Isso não tem nada a ver com negócios. O que acontece é que temos modelos mentais. E olhamos para o mundo. E então, vem a nova tecnologia.
Então, o primeiro passo para um ser humano é adicionar: pegar o modelo mental atual e colocar a tecnologia. É quase como: eu coleciono máquinas calculadoras.
E então, a máquina calculadora era manual, tinha que fazer coisas como essa. Então, quando a eletricidade veio, a primeira aplicação foi colocar um motor aqui
para fazer isso para que o homem não tenha que fazê-lo. Mas isso não é uma máquina elétrica. Então, meu argumento é que novas tecnologias
requerem novos modelos mentais. De outra forma, ficará decepcionado. O futuro não é o passado mais as novas ferramentas. O futuro é: “Agora que essa ferramenta existe, o que devo fazer?”
É completamente diferente.
O que quer dizer com superar a forma natural humana de pensar dedutivamente e indutivamente? Quais são as outras formas diferentes de pensar que deveríamos buscar?
Tenho 2 problemas com essa pergunta. Muitas pessoas dizem que criatividade é pensar diferente. Não. Criatividade é pensar mais.
Mais. Porque se pensar diferente, como a Apple: "Pense diferente", é como uma suposição de que eu sei e sua forma de pensar não é adequada. Recomendo... Não, absolutamente não.
Precisamos pensar mais. E quando olha para o mundo, a maioria das pessoas está deduzindo o tempo todo. Do modelo atual existente, deduzem, e tudo bem.
Mas o mundo está mudando tanto que definitivamente precisamos agora de novos modelos mentais. E isso só pode acontecer através da indução. Essa é a resposta.
Como as empresas podem lidar com tanta complexidade estimulada por novas tecnologias?
Uma tecnologia é uma ferramenta. É uma ferramenta. Não há solução na ferramenta. E a forma de lidar com essa pergunta é lembrar de como a mente está funcionando.
Há um jogo agora. Negócios são um jogo.
E o jogo tem regras e melhores práticas. As regras são as mesmas para todos, mas algumas pessoas jogam melhor. E minha função se trata de recapitular no fim
quais são as regras do jogo. E a maioria das pessoas não percebe a forma como pensa. Então, complexidade? Sim, está certo. Mas na mente, nada é complexo.
Se olhar para mente de alguém, tudo é uma simplificação. O que pensa sobre a Bélgica, sobre a Microsoft, sobre a Itália; na sua mente tem estereótipos, pequenos julgamentos.
Então, na mente, nada é complexo. Só usamos simplificações. E só lembre que a complexidade está sempre lá, não na mente.
É um bom começo para ser melhor. Recomendaria a um jovem que está pensando em uma carreira se especializar em big data? Qual conselho daria?
Que dispositivo? Não daria nenhum dispositivo. Mandaria ir para uma aula de filosofia. Porque novamente, o dispositivo talvez ajude,
mas é o que falei na conferência, o dispositivo é uma ferramenta, nunca substituirá a essência do que podemos fazer:
induzir, esquecer, simplificar, e assumir a responsabilidade por uma simplificação específica. Há 2 coisas que nunca estarão na área de uma máquina:
criatividade e responsabilidade. Faça o que quiser, esses 2 itens estão sempre fora da máquina. Alguém deveria inventar a máquina.
E alguém deveria colocar um limite no uso da máquina. A máquina não vai colocar um limite em si.
Como as empresas podem se reinventar após detectarem seus pontos fracos? Tem algum exemplo?
Como? Provavelmente a primeira coisa é aceitar que a mudança é forçada não pela empresa, mas pelo mundo. Lembro de uma frase de Kafka.
No livro, ele escreveu: “Em uma luta entre você e o mundo, deveria apostar no mundo." Esse é o ponto de partida.
Uma empresa não muda por razões internas. A escolha não está dentro da empresa. Não há escolha. Mudanças vão acontecer.
E a escolha não é: mudar ou não mudar. A escolha é: devo eu mesmo liderar a mudança, ou serei uma vítima da mudança?
Esse é o 'ou'. E é claro... Chamo isso de 'eureca ou caramba'. São as duas coisas. E recomendamos eureca.
É melhor para todos. Certo. Foi uma entrevista maravilhosa. Parabéns pela palestra e pela entrevista. O prazer é meu.