Na origem, o termo “iconoclastia” referia-se à doutrina que destrói ícones religiosos ou, pelo menos, rejeita seu culto. Na tradição ocidental, está muito associado ao cristianismo e a movimentos iconoclastas que surgiram como oposição à iconofilia da Igreja católica, como ocorreu no império bizantino nos séculos 8º e 9º d.C. e durante a reforma protestante no século 16. Outras religiões viveram movimentos semelhantes, como o zen no budismo, a cabala no judaísmo e o sufismo no islamismo, e o conceito chegou a nossos dias modificado, estendido a quem combate todo tipo de idolatria, seja de pessoas, imagens ou de ideias estabelecidas.

No âmbito dos estudos do neurocientista Gregory Berns, da Emory University, dos Estados Unidos, por exemplo, iconoclasta é quem faz o que dizem ser impossível fazer, desafiando –e destruindo– as ideias estabelecidas de modo geral. Para ele, portanto, todo inovador é essencialmente um iconoclasta.

Porém Berns vai além, ao partir do pressuposto de que “iconoclastas são pessoas diferentes da maioria porque seus cérebros são diferentes”. Essa é a tese central de seu livro Iconoclast: A Neuroscientist Reveals How to Think Differently (ed. Harvard Business Publishing) e que ele expõe na entrevista a seguir, afirmando que a iconoclastia também pode ser simulada, se compreendermos como funciona o cérebro dos iconoclastas naturais e, assim, superarmos os três principais obstáculos que se lhe interpõem.