Conheço muitas empresas que eram contra o home-office antes da Crise do Coronavírus (CdC) e várias que já tinham essa cultura. Mudanças comportamentais preventivas custam menos e são mais difíceis de implementar. Mudanças comportamentais nas crises são mais fáceis de implementar mas geralmente geram altos custos humanos e econômicos. Creio que para muitas empresas que resistiam a prática de home-office, deverão continuar com essa prática após a crise. Quebrou-se um tabu. Ficamos prontos na marra para o home-office.Constata-se que as pessoas estão produzindo e ávidas por conexão. Que esse alto custo seja utilizado como alerta para as mudanças positivas que muitas vezes são proteladas para que em crises futuras o custo seja menor.

A ansiedade, o medo, a imprevisibilidade ativam os circuitos neurais de sobrevivência e nos tornamos, como consequência, reativos e irritados. Neste estado de sobrevivência, nossas percepções emocionais e cognitivas ficam comprometidas porque praticamente toda a energia do cérebro fica disponível para as típicas ações de sobrevivência: atacar, fugir, congelar ou desmaiar. Períodos prolongados nesta estado emocional prejudicam nosso sistema imunológico e, claro, ficamos mais suscetíveis a pegar um resfriado, uma gripe ou um vírus mais sério.

Esse estado emocional durante crises como a que estamos vivenciando,tem mais um agravante que é o isolamento social. Somos seres hipersociais e o isolamento afeta ainda mais negativamente o estado emocional das pessoas. As empresas e seus líderes devem ocupar um importante papel para dar apoio emocional para quem está em home-office. O desafio é que não temos respostas nem previsões seguros sobre os desdobramentos futuros da crise do Coronavírus. Em situações de tamanha imprevisibilidade, confusão mental e fragilidade emocional, as empresas, por meio de seus líderes, precisam ter coragem para demonstrar nossa essência, admitir nossa humanidade e o fato que não temos todas as respostas.