A médica Sally está prestes a sair de casa para uma longa cirurgia e ao repassar uma lista mental de afazeres percebe que esqueceu de comprar um vinho para o jantar de aniversário de casamento. Enquanto toma seu café da manhã, aciona o Amazon Echo e compra, via voz, um Merlot, uva preferida de seu marido. Como Sally é cliente “prime” da varejista e tem o kit Amazon Key instalado, seu vinho será entregue em poucas horas e deixado dentro de casa – por este serviço, o entregador tem acesso à casa do cliente.

Nossa personagem tem um nome inglês de propósito, afinal aqui no Brasil essa realidade ainda está restrita a filmes. Mas, assim como o mercado  norte-americano, o brasileiro guarda oportunidades para varejistas dispostos a investir em conveniência e agilidade, duas demandas que têm impulsionado o varejo no mundo inteiro. Esse impulso não tem só remodelado a loja, no que o consultor de varejo da BTR Varese, Eduardo Terra, chama de “a reinvenção da loja”, que implica pontos de venda com menos atrito, mais interação e experiência, como também remodelado o varejo digital, com consumidores tendo acesso a ofertas do mundo inteiro, no que se convencionou chamar de “e-commerce cross-border” (comércio eletrônico transfronteiras). 

Almejando se distanciar de um simples “revendedor de produtos”, o varejo brasileiro, tanto físico como digital, encontrará oportunidades ao focar a conveniência. Mas ainda não desenvolvemos uma plataforma de varejo físico capaz de atender a essa demanda, segundo o estudo A corrida pelo varejo de conveniência no Brasil, realizado pelo Boston Consulting Group (BCG). “Há uma grande oportunidade para uma empresa se posicionar como a escolha óbvia nessa área”, diz Juliana Abreu, do BCG, uma das autoras do estudo.