Por volta de 2035, homens e mulheres possivelmente não conseguirão mais quebrar recordes em corridas, saltos, lançamentos e provas afins. A capacidade física humana terá chegado a seu limite e, a partir daí, apenas a interação com tecnologia permitirá melhorar desempenhos. Essa projeção, da Associação Europeia de Atletismo, lembrada pelo especialista em inovação Silvio Meira, serve como uma pista: o futuro será mais novo desta vez, diferente de uma continuidade do tempo presente, se começar com a transposição das limitações humanas por meio de uma reengenharia de corpo e mente.

Essa reengenharia, que já vem sendo desenhada por pessoas como o inventor norte-americanoRay Kurzweil, fundador da Singularity University e engenheiro-chefe do Google, ocorrerá em paralelo com o avanço tecnológico que criará máquinas cada vez mais inteligentes. A projeção é que, até 2050, todo trabalho humano que puder ser substituído por uma máquina o será, tanto nas nações mais ricas como nos chamados países emergentes. Seja nos Estados Unidos, seja no Brasil, os ônibus serão dirigidos por robôs, não por pessoas. Seja nos Estados Unidos, seja no Brasil, cirurgias cerebrais serão feitas por robôs, não por médicos.

Todas as pessoas deverão ser reencaminhadas para o trabalho criativo, o que significa que todo mundo terá de saber escrever software, como comenta Meira, que é fundador do centro de inovação C.E.S.A.R, ligado à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e do Porto Digital, o Vale do Silício brasileiro, além de membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, órgão assessor da Presidência da República.