A cada 20 segundos o mundo joga fora US$ 1 milhão em implementação inadequada de estratégia. Por ano, são US$ 2 trilhões desperdiçados em um mundo cada vez mais desigual. Os dados, retirados da pesquisa global Pulse of the Profession® de 2018, conduzida pelo Project Management Institute (PMI), são repetidos com frequência por Ricardo Vargas, diretor-executivo da Brightline, think thank focado em sensibilizar lideranças a partir do discurso para a ação. Em Davos, no Fórum Econômico Mundial, um encontro promovido pela Brightline em parceria com a Thinkers 50 colocou o tal “mundo fraturado” – um dos motes do evento – no centro do debate dos influenciadores ali presentes, a chamada Agenda 2018. 

“É uma responsabilidade moral nossa tentar minimizar esse desperdício”, afirma Vargas, que já desenvolveu projetos para a ONU e visitou países  como Haiti, Níger, Iraque e Sudão, onde pôde ver de perto o dano que não transformar ideias em ação pode trazer. “É irresponsável, em um mundo  tão desigual, que a gente aceite ser menos competente na execução e perder um dinheiro que faz falta para tanta gente”, acredita.

De fato, o estudo da PMI também mostra que cerca de um em cada três projetos (31%) não atendem seus objetivos, 43% não são concluídos dentro do orçamento e quase metade (48%) não cumprem o cronograma. Prova do descompasso entre teoria e realidade é que 85% dos executivos entrevistados disseram acreditar que suas organizações são eficazes na entrega de projetos para alcançar resultados estratégicos. Na avaliação de Vargas, muitos executivos desenvolvem um plano, entregam para alguém executar e começam a desenvolver a estratégia seguinte. O ciclo não é fechado. “Seu trabalho só deveria terminar quando a estratégia é entregue e executada. As coisas tendem a se deteriorar e desorganizar naturalmente. O senso de responsabilidade não pode ser transferido”, lembra.