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É um prazer estar no Brasil e é um prazer imenso falar para os participantes da HSM. Sempre que visito o Brasil lembro-me de como ele é bonito,

como todas as pessoas aqui são incríveis. Sei que o momento atual é desafiador no Brasil, assim como nos EUA e no mundo todo.

Mas sabemos que podemos mudar qualquer hábito. Não importa nossa idade nem há quanto tempo estejamos fazendo aquilo.

Você pode parar de fumar amanhã. Há quem fumará o último cigarro hoje. Há pessoas de 60 anos que estiveram acima do peso

a vida toda e que, amanhã, perderão peso e não ganharão de novo pelo resto da vida. Qualquer hábito pode ser mudado.

É só uma questão de aprender os estímulos e as recompensas e como tornar possível mudar aquele hábito.

Essa é a única expressão que você sabe em português. Eu falei certo? Sim, falou.

Vi sua palestra hoje e foi realmente extraordinária. Tenho muitas perguntas aqui e vou deixá-las de lado. Por favor, pegue isto.

Não vou usá-las para conversar com você porque são muitas e não sei se temos tempo para abordar todas. Em primeiro lugar, gostaria que você falasse sobre como podemos

conectar seus livros em nossa realidade. Um fala sobre hábitos, coisas que sempre fazemos, e sobre como, às vezes, estamos conscientes desses hábitos.

Então, temos seu outro livro, que fala sobre como podemos prever as coisas. Certo.

Como podemos conectar essas coisas em nossa realidade? Bom, sabemos que, se você tiver os hábitos certos, será mais bem-sucedido.

Mas aí vem a pergunta: quais são os hábitos certos? Como nos tornamos mais bem-sucedidos? Como nos tornamos mais produtivos

e capazes de atingir nossas metas? A resposta é que, em grande medida, trata-se de criar os hábitos mentais certos.

De treinar para pensar de maneiras específicas a fim de que, quando houver pressão, você estiver exausto no meio do dia

e com coisas de mais para fazer, você consiga pensar mais profundamente sobre quais devem ser suas metas,

qual é a tarefa mais importante naquele momento. Como se tornar mais criativo, como fazer sua equipe crescer junto.

São essas coisas que importam. Certo. Uma coisa que você disse e chamou minha atenção foi que,

na realidade atual, temos tanta informação e dispositivos que nos mantêm conectados o tempo todo e estamos cercados de muitas informações.

Estamos tão estressados com isso, tão pressionados com coisas que estão acontecendo conosco, e estamos criando o hábito de ser escravos das redes sociais.

A princípio, a tecnologia seria uma ferramenta para nos ajudar a criar hábitos saudáveis. Mas, em vez disso, estamos apenas criando hábitos ruins.

Sim, e é porque a tecnologia nos dá uma recompensa imediata. Quando você entra online e olha o Facebook, o Instagram ou o Twitter, recebe um feed constante

que está sempre apresentando algo novo, algo interessante. E não é, de fato, tão interessante quanto você esperava.

Mas está ali no seu bolso, você recebe um alerta e pega o celular, talvez seja um e-mail de um amigo que vai fazer você rir.

A chave é, em primeiro lugar, remover esses estímulos. Desativar as notificações, os alertas. Mas, em segundo lugar, reconhecer que a recompensa

que isso oferece não é tão boa assim. Você geralmente não sente que se divertiu tanto ou ficou tão feliz depois de ter passado

muito tempo nas redes sociais. Então, se você encontrar outras coisas que lhe deem uma recompensa melhor, elas vão substituir esses hábitos.

Como podemos encontrar esses novos estímulos? Quer dizer, eu quero encontrar novos hábitos, quero ser mais saudável, mais magro, viver mais,

e preciso de novos estímulos que me levem a fazer essas coisas. Certo.

Como encontrá-los? Vamos usar os exercícios como exemplo. Há estudos que mostram que, se você escolher um estímulo

e uma recompensa para a prática de exercícios, há mais chances de você fazê-los, isso se tornará mais automático.

O estímulo pode ser algo simples, como deixar seu tênis de corrida ao lado da cama, para que você os veja quando acordar de manhã.

Ou marcar de se encontrar com seu amigo na academia toda quarta-feira à noite. E depois que você fez o exercício,

depois que correu ou foi para a academia, imediatamente, coma um pequeno pedaço de chocolate. Não parece lógico, porque pensamos:

“Acabei de sair da academia, por que eu comeria chocolate? Estou tentando perder peso.” Mas sabemos que, se o seu cérebro começar a associar

a academia com uma recompensa de que você gosta, como chocolate, ir à academia fica cada vez mais fácil. Depois de um tempo, você para de comer o chocolate,

você não quer mais, mas ainda mantém o hábito. Vamos fazer um exercício e tentar criar um cenário de negócio em que usemos essa técnica

de que você acabou de falar. Quero inovar na minha empresa, quero exercitar nossos talentos. Temos muitos talentos e queremos inovar.

Como posso criar estímulos para a minha empresa, para as pessoas que trabalham comigo? Uma das coisas que sabemos sobre a inovação

é que há uma série de hábitos muito específicos que a facilitam. O mais simples é o hábito de pegar ideias e combiná-las.

Por exemplo, para “Frozen”, pegaram a ideia de princesas e a ideia de irmãs, combinaram e o resultado foi o filme.

Isso acontece o tempo todo. Algumas das coisas mais criativas são aquelas que combinam duas ideias antigas.

Se você tiver o hábito de fazer isso, se, quando estiver andando por aí, pensar consigo mesmo: “Tem um romance de que gosto

e estou vendo esses dançarinos na rua... Será que eu conseguiria fazer um musical com a história do livro?”

Se você tiver o hábito de combinar ideias, será muito mais criativo. Lembro-me de você ter dito isso.

E, claro, preciso dizer que você deu um spoiler enorme para o pessoal na plateia que não assistiu a “Frozen”,

e foi muito engraçado. Mas tudo bem. Se você não viu “Frozen” até agora, então...

E você disse algo muito interessante, que me fez lembrar do livro “O Herói de Mil Faces”. Certo.

De que temos muitas histórias que, no fim das contas, são a mesma história. E nós meio que precisamos dessas âncoras criativas

para criar mais coisas. É exatamente isso. “Star Wars”, por exemplo, pega a lenda do Rei Artur,

do herói perdido, usa elementos de óperas – a Força é bem wagneriana em alguns sentidos – e combina tudo em um cenário ambientado no espaço sideral.

E de repente parece tão interessante, tão criativo. Ou o musical “Hamilton”. Não sei se ele é conhecido por aqui.

“Hamilton” conta a história dos fundadores dos EUA, uma história muito antiga, que já foi contada muitas vezes, com hip hop.

E o hip hop já existe há 45 anos. Todos nós crescemos com o hip hop. Mas você pega essa história antiga e combina com o hip hop

e o resultado é muito vivo e criativo. Certo. Você disse uma coisa que, para mim,

foi realmente incrível e nova: sobre a recompensa do fracasso, que precisamos recompensar o fracasso. É um conceito novo para muitas pessoas.

Estamos em uma cultura que diz que o fracasso é ruim, que você é um perdedor se fracassar muitas vezes. Como ensinar essas ideias às empresas?

Como grandes empresas que estão acostumadas a condenar o fracasso, a vê-lo como algo ruim, podem vê-lo como algo que deve ser recompensado

para que possamos inovar? Uma das coisas que sabemos é que as empresas mais inovadoras tendem a fracassar mais e mais rápido do que outras empresas.

O fracasso é um componente essencial do sucesso. E é uma parte crucial da inovação. A questão é: como tornamos o fracasso mais fácil,

para que não pareça um fracasso, mas um passo no caminho para o sucesso? E você está totalmente correto.

Para fazer isso, recompensamos as pessoas por seus fracassos. Quando elas falham, você lhes dá uma recompensa. Quando os governo americano começou

a construir foguetes para ir à Lua, havia um grande problema com os engenheiros da NASA, porque eles não queriam

arriscar muito, não estavam fazendo o suficiente para se superar. Porque todos estavam com muito medo de que algo explodisse.

Mesmo que não houvesse tripulantes, é muito caro construir um foguete para deixá-lo explodir. O que eles fizeram foi criar um hábito em que,

no centro de controle de missões, onde todos estavam, sempre que algo explodia, todo mundo se levantava e aplaudia.

Porque queriam mostrar que não era um problema fracassar. O fracasso é um passo no caminho para o sucesso. E quanto mais você fracassa, quanto mais confortável está

com o fracasso, mais rápido conseguirá fazer algo incrível. Gostaria que você comentasse algo que disse na sua palestra:

que as recompensas mais poderosas são emocionais. É verdade. Sabemos que as recompensas mais poderosas,

especialmente para mudar hábitos, para criar novos hábitos, são as emocionais. Dizer à pessoa: “Estou orgulhoso de você”.

Ou sentir orgulho de si mesmo. Ou sentir que você está no controle. Ou aprender algo novo.

Muito mais do que dinheiro ou comida, as recompensas emocionais são as que motivarão você a mudar. Certo, muito obrigado, Charles.