O ano era 2017, a Operação Lava Jato estava a todo vapor e sacudia não só o cenário político, mas também o mundo dos negócios. Empresas públicas e privadas envolvidas em corrupção, executivos sendo presos e delações premiadas trazendo ainda mais nomes à tona. Era nítida a imagem de um empresariado antigo, que vivia nas dependências do Estado, corrompendo e sendo corrompido por políticos e burocratas. Foi nesse contexto que surgiu a ideia de fazer um levantamento das “empresas humanizadas” do Brasil, a versão local das FofE, como são apelidadas as “firms of endearment” do movimento Capitalismo Consciente nos Estados Unidos.

“Queríamos ter um contraponto ao que víamos e oferecer um novo rumo e um novo futuro para os negócios do País. Se as palavras movem e os exemplos arrastam, nosso desejo era mostrar os bons exemplos que poderiam inspirar uma transformação no País”, explica Pedro Paro, pesquisador responsável pelo primeiro estudo Empresas Humanizadas do Brasil, apresentado em evento do Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB) em março de 2019. Com a orientação de Mateus Gerolamo, da EESC-USP, Paro converteu o tema em sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo e passou os últimos dois anos garimpando bons exemplos no País.

A metodologia, baseada nos estudos conduzidos por Raj Sisodia nos EUA, contou com o aconselhamento e a aprovação formal do próprio Sisodia, considerado um dos pais do capitalismo consciente. “Sendo a primeira vez que a pesquisa é conduzida fora dos EUA, foram feitas algumas adaptações e melhorias no estudo original. Segundo o próprio Raj, esses ajustes tornaram o trabalho mais sistemático e pronto para ser replicado em outros países”, diz Paro.