Dez anos atrás, em 2007, a multinacional Siemens protagonizou um dos maiores escândalos de desvio de compliance da história corporativa recente: seu CEO global foi demitido após a descoberta de uma série de pagamentos de propina pelos executivos da empresa em diversos países – mais de 200 pessoas foram dispensadas. 

Depois de manchar sua reputação e amargar a exclusão das listas de licitações públicas, a Siemens criou um robusto programa de compliance, no qual as políticas de conduta são fortemente comunicadas por meio de treinamentos e mensagens internas, com o apoio de um disque-denúncia e uma equipe de investigadores composta por analistas com experiência anterior em órgãos como FBI, Interpol e serviços de inteligência. Os esforços para evitar ocorrências são imensos e, caso algo escape, a prontidão da empresa para identificar a origem e punir os envolvidos é total.

A Operação Lava-Jato, conduzida pelo Ministério Público e pela Polícia Federal no Brasil, trouxe à tona, como se sabe, casos de desvio de compliance de companhias brasileiras similares ao da Siemens. A questão é se isso está mudando o padrão de compliance de nossas organizações na mesma medida da multinacional alemã. Segundo Isabel Franco, que lidera a equipe de anticorrupção e compliance do escritório KLA, é inegável a maior busca de ética e integridade nas corporações.