“De nada adianta a um homem ganhar o mundo se ele perder sua alma” (Mateus 16,26)

Em tempos de Lava Jato e Donald Trump, são recorrentes os comentários sobre os desmandos, o egoísmo, a ganância, a falta de sensibilidade para as necessidades alheias e, especialmente, os abusos de poder. São comportamentos observados em toda parte, em todos os contextos sociais. Até onde se pode ir para “ganhar o mundo”?

Essa reflexão anda presente nas conversas informais de muitos profissionais de empresas também, pessoas comuns com família, filhos para educar, contas para pagar, aspirações e desejos que somente serão alcançados por meio do trabalho.

São parte do paradoxo do emprego: de um lado, milhões de desempregados infelizes e desesperados; de outro, incontáveis profissionais que estão trabalhando, mas também estão infelizes – pior, estão à beira de um colapso.

Esses profissionais se sentem oprimidos, tensos, confusos, angustiados. Passam o dia encarando problemas, enfrentando concorrentes e clientes cada vez mais exigentes e, sobretudo, tentando superar seus limites para suportar os altíssimos níveis de pressão impostos por suas organizações e seus líderes.

É a incessante corrida pelo poder, e ela não é exclusividade dos protagonistas do noticiário; acomete grande parte das empresas, alimentando uma desumanidade que produz ambientes tóxicos, muitas vezes perversos.

Atormentados pelo poder e atropelados pelo urgente, alguns líderes desconsideram o importante e estão a um passo de se tornar executivos sem alma. Levam embora a saúde, a convivência com os filhos, o cônjuge, os amigos, o prazer, a alegria e o sentimento de realização pelo que se é e pelo que se faz.

Como inverter essa corrente? É preciso haver movimentos em duas direções. Um deles é para fora, de indignação, de não mais aceitar esses comportamentos de outros. O outro – o principal – é para dentro. Trata-se do autoconhecimento e do reconhecimento de que também você reproduz comportamentos tóxicos – esses são os catalisadores da mudança.

Pergunte-se: “Quantos constrangimentos causo a meus liderados?”; “Antes de depreciar um colega por ele não saber algo, será que eu tentei ajudá-lo?”.

É urgente mudar. E você não pode ser um espectador que se coloca fora da cena e espera que o outro mude. Você tem de mudar. A essência da mudança é comportamental, atitudinal. Aprimore seu autoconhecimento, reveja suas ações, protagonize sua mudança – ou nenhuma mudança acontecerá.

Atormentados pelo poder e atropelados pelo urgente, alguns líderes desconsideram o importante e estão a um passo de se tornar executivos sem alma