Em 1998, o mundo era ameaçado pelo bug do milênio. Se acontecessem todas as falhas previstas nos mecanismos automatizados de gerência da informação, o planeta sucumbiria. Mas entramos no ano 2000 e, nele, o “novo” ganhou proeminência. Foi nesse momento que o médico e especialista em informática para a área de saúde Fábio Gandour fez uma proposta ousada à filial brasileira da IBM: “Vamos unir o novo deste milênio com a tecnologia que define a IBM e criar uma gerência de novas tecnologias”.

O objetivo de Gandour era estreitar a comunicação entre a divisão mundial de pesquisa da IBM, que investe cerca de US$ 6 bilhões ou 8% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento todo ano, e o mercado brasileiro. Por oito anos, ele assim o fez e, pelo fato de o Brasil melhorar seu posicionamento no cenário político-econômico mundial, nosso peso no negócio de inovações da empresa aumentou, viabilizando a instalação de um laboratório da IBM Research Division aqui, com investimentos de US$ 250 milhões e 100 cientistas distribuídos entre o Rio e São Paulo, anunciada em meados de 2010. Gandour mudou de função: o cientista se tornou gestor, com o título de cientista-chefe da IBM Brasil, encarregado de desenvolver e influenciar suas agendas técnicas e científicas.

Em entrevista exclusiva a José SalibiNeto, chief knowledge officer (CKO) da HSM do Brasil, Gandour prega um novo tipo de ciência –como negócio, não como doutrina–, sugere que muitas empresas devem praticá-la in house e define desafios e credenciais desejáveis em um gerente da área. Ele também discute a inovação no Brasil.